Estado de Minas CURIOSIDADE

Ayahuasca pode ter efeito antidepressivo

Isso foi descoberto por uma pesquisa liderada pela USP


postado em 18/01/2019 10:25 / atualizado em 18/01/2019 10:21

(foto: Pixabay)
(foto: Pixabay)

Um estudo liderado pelo pesquisador Jaime Hallak, professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da USP, revela que o chá de ayahuasca, muito comum entre os praticantes do Santo Daime, possui potencial antidepressivo. A bebida é preparada com folhas e cascas do cipó-mariri (Banisteriopsis caapi) e de outras plantas, em particular a chacrona (Psychotria viridis) e a videira chaliponga (Diplopterys cabrerana). O chá, que gera efeitos alucinógenos, é muito utilizado em rituais religiosos na Amazônia e em alguns países sulamericanos.

O estudo brasileiro, que contou com participação de cientistas da Universidade Federal do Rio Grande no Norte (UFRN), foi publicado em meados de 2018 na revista científica Psychological Medicine. Embora o consumo do chá esteja longe de ser indicado como tratamento para a depressão, os testes clínicos realizados com 29 pessoas no hospital universitário Onofre Lopes, em Natal (RS), indicam uma melhora significativa no quadro depressivo entre os pacientes que tomaram dose única da substância.

"Nós encontramos um efeito antidepressibvo rápido e duradouro, o que não é comum entre os antidepressivos, que costumem demorar de duas a três semanas, em média, para terem efeitos terapêuticos. A ayahuasca apresentou resultado já nas primeiras horas e permaneceu por até três semanas. É rpeciso dizer que o estudo é preliminar, mas os voluntários já haviam experimentado ao menos dois remédios sem apresentar melhora no quadro depressivo", explica o farmacólogo Rafael Guimarães dos Santos, um dos autores da pesquisa, em entrevista para a Rádio USP.

Os resultados do uso do chá alucinógeno foram observados logo após a inoculação, mas as melhoras mais importantes apareceram na avaliação do sétimo dia após o tratamento. O grupo de pacientes que tomou a ayahuasca apresentou uma redução de 50% nos sintomas de depressão contra apenas 27% no grupo placebo.

Os testes com a tradicional bebida integram estudos de uma rede de pesquisadores, coordenada pelo professor Jaime Hallak, que investiga o potencial terapêutico dos compostos psicodélicos. À rádio universitária, o corodenador do estudo lembra que "a psiquiatria necessita de novos medicamentos, porque muitos dos que existem hoje não apresentam boa eficácia contra certos casos de depressão".

(com Rádio USP)

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