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Cientistas criam bactéria 'ancestral' para entender a evolução

Organismo ajuda a assimilar o surgimento dos seres vivos


postado em 04/01/2019 16:44 / atualizado em 04/01/2019 17:18

(foto: MCDB/UCSB Santa Barbara/Reprodução)
(foto: MCDB/UCSB Santa Barbara/Reprodução)

Pesquisadores da China e dos Estados Unidos conseguiram criar uma bactéria cujas características se parecem com as dos ancestrais das mitocôndrias, estruturas que são as "usinas de energia" das células, e que estão ligadas à evolução dos seres vivos, incluindo os humanos.

"Esses organismos sintéticos permitirão verificar duas teorias-chave sobre as etapas mais importantes da evolução de vida: a transição do RNA para o DNA e a mudança das células procariontes para eucariotas com mitocôndrias", comentou o cientista Peter Schultz, da Universidade de Brown, nos EUA, um dos autores do estudo, em comunicado enviado à imprensa.

Os eucariotas são todos os seres vivos (humanos, animais, fungos e plantas) com células que têm um núcleo complexo rodeado por várias organelas, que os diferenciam dos organismos unicelulares procariontes. Cientistas acreditam que os eucariotas apareceram quando seus ancestrais "assimilaram" várias bactérias e arqueias.

As mitocôndrias são uma boa ilustração deste processo: possuem uma membrana dupla que as separa do resto da célula e têm o próprio DNA e sistema de síntese de proteínas.

Atualmente, a teoria da "assimilação" de mitocôndrias representa o passo-chave na evolução dos "nossos ancestrais" unicelulares e representa as primeiras etapas deste processo.

Schultz e seus colegas criaram o primeiro "instrumento" que permite verificar essa teoria e entender como as bactérias conseguiram penetrar e sobreviver dentro das células dos nossos ancestrais. Para isso, eles transformaram radicalmente o DNA de uma bactéria bacilar.

Em seguida, os especialistas inseriram as bactérias modificadas em células de leveduras com mitocôndrias danificadas por um processo semelhante. Como mostra o experimento, o aparecimento de micróbios fez com que as células de leveduras ressuscitassem e permitiu iniciar um ciclo de multiplicação, levando consigo parte das novas "mitocôndrias".

No futuro, os cientistas planejam mudar o genoma da bactéria bacilar ainda mais, para que seja mais parecido com mitocôndrias reais. Novos experimentos, acreditam Schultz e seus colegas, ajudarão a entender quando e como os ancestrais das bactérias começaram a usar esta simbiose.

(com Agência Sputnik)

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