Um estudo realizado por pesquisadores alemães e americanos conseguiu desenvolver um exame de sangue que é capaz de detectar o Mal de Alzheimer muito antes de os primeiros sintomas aparecerem – incluindo a perda de memória. O teste identifica determinadas proteínas que são produzidas quando as células nervosas morrem. O trabalho foi publicado na revista científica Nature Medicine na última segunda, dia 21 de janeiro.
"O fato de ainda não haver um tratamento eficaz para o Alzheimer se deve em parte às terapias atuais que começam tarde demais", comenta o pesquisador Mathias Jucker, do Centro Alemão para Doenças Neurodegenerativas, um dos principais autores do estudo, em entrevista para a emissora estatal alemã Deutsche Welle.
Segundo Jucker, geralmente as proteínas geradas com a morte ddos neurônios se decompõem rapidamente no sangue. Os cientistas, porém, descobriram um neurofilamento extremamente resistente, que se acumula no sangue de pacientes muito antes dos primeiros sintomas da doença neurodegenerativa.
Ao lado de pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Washington em San Luis, nos Estados Unidos, os cientistas alemães investigaram se os altos níveis desse neurofilamento no sangue era reflexo de danos neurológicos. Para isso, analisaram dados e amostras de mais de 400 pessoas que fazem parte de uma rede de famílias com casos de Mal de Alzheimer.
Os pesquisadores analisaram como a concentração dessa proteína específica se desenvolvia no sangue e descobriram que 16 anos antes do aparecimento dos sintomas já é possível detectar mudanças significativas.
À Deutsche Welle, Mathias Jucker revela que foi possível prever a perda de massa cerebral e mudanças cognitivas que ocorreriam anos depois.
Os altos níveis do neurofilamento no sangue podem também indicar outras doenças ou lesões neurológicas. Assim, os cientistas concluíram que o resultado do estudo pode, no futuro, ser usado para identificar danos cerebrais em pacientes com outras doenças neurodegenerativas.
Por enquanto o teste ainda não pode ser usado. Para sua liberação, os pesquisadores ainda precisam determinar qual concentração do neurofilamento no sangue pode ser considerada alta, e a partir de que momento seu aumento é um motivo de preocupação.
(com Deutsche Welle)