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Astronomia

Cientistas da UFMG descobrem três aglomerados estelares

O achado foi publicado no final do ano passado

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- Foto: Pexels

Um grupo de pesquisadores da UFMG conseguiu identificar três novos aglomerados de estrelas na Via Láctea. Eles possuem diâmetros que variam de 13 a 19 anos-luz e englobam mais de 200 astros ligados enter si gravitacionalmente. As descobertas foram registradas com os nomes UFMG 1, UFMG 2 e UFMG 3. Os aglomerados recém descobertos possuem idade estimada entre 100 milhões e 1,4 bilhão de anos.

A pesquisa, publicada no final de 2018 no periódico científico Monthly Notices, da Sociedade Real de Astronomia, do Reino Unido, usou dados e imagens obtidas pelo satélite espacial Gaia, lançado em 2013 pela Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês). As imagens foram tratadas e disponibilizadas na internet.

De acordo com o pesquisador Filipe Andrade, autor do estudo, em entrevista para o Boletim da UFMG, a missão Gaia oferece dados com precisão sem precedentes na Astrofísica. "Antes dela, tínhamos somente as posições das estrelas e o fluxo de luz emitido por elas. O Gaia também fornece os movimentos próprios de cada estrela e os ângulos de paralaxe , usados para calcular distâncias no espaço", comenta o cientista, esclarecendo que, em um aglomerado, as estrelas nasceram simultaneamente na mesma região, têm características físicas semelhantes e movimento próprio muito parecido.

Ao detectar esse movimento em comum, Filipe identificou um "bolinho" de estrelas que se destacava do resto. "Em um gráfico com as variáveis 'brilho' e 'temperatura', percebi a curva característica de um aglomerado.
Então verifiquei que aquela concentração de estrelas nunca havia sido descoberta", diz o pesquisador da UFMG.

A importância de estudar a variação das propriedades dos aglomerados ajuda a compreender a evolução da Via Láctea e das galáxias no Universo. "À medida que esses sistemas ficam mais velhos, as interações gravitacionais acabam jogando estrelas para fora, povoando o meio-ambiente que constitui a Via Láctea. Uma das ideias aceitas é a de que todas as estrelas, inclusive o Sol, formaram-se numa dessas estruturas", argumenta o professor João Francisco dos Santos, orientador da pesquisa, também em conversa com o Boletim.

Segundo João Francisco, o trabalho deixa como principal legado o novo método de identificação de estrelas. Eles estavam estudando a concentração NGC 5999, de cerca de 400 milhões de anos e que fica a 5,5 mil anos-luz do Sol, quando se depararam com os três aglomerados.

As descobertas possuem as seguintes características básicas, de acordo com o estudo:


(com Boletim da UFMG).