Pesquisadores do Instituto Nacional do Coração, Pulmão e Sangue dos Estados Unidos, descobriram que uma noite bem dormida pode prevenir doenças do sistema cardiovascular ao proporcionar um efeito anti-inflamatório no organismo. Os resultados foram observados em cobaias e publicados na última quarta, dia 13 de fevereiro, na revista científica Nature. A informação foi divulgada pela agência portuguesa de notícias Lusa.
Segundo o cientista Filip Swirski, um dos autores do estudo, explica à Lusa, que o sono participa de um mecanismo biológico que libera um hormônio no cérebro (hipocretina), responsável por controlar a produção de células inflamatórias na medula óssea, protegendo também os vasos sanguíneos de possíveis lesões.
"Esse mecanismo anti-inflamatório é regulado quando dormimos e diminui quando o sono é frequentemente perturbado ou perde a qualidade", diz o pesquisador.
Na pesquisa, cobaias geneticamente modificadas para desenvolver aterosclerose (acúmulo de gordura na parede das artérias) foram divididas em dois grupos: metade foi privada de um sono normal; as restantes dormiram a quantidade recomendada. Com o passar do tempo, os ratinhos que não conseguiram manter o sono adequado desenvolveram lesões mais graves nas artérias, incluindo o acúmulo de gordura, em comparação com os animais que dormiram normalmente.
Além disso, as cobaias com problemas no sono também apresentaram maior produção de células inflamatórias no sangue e menos hormônio hipocretina no cérebro – que tem papel-chave na regulação dos estados de sono e vigília.
De acordo com o artigo recém publicado, os ratinhos com aterosclerose que receberam suplemento de hipocretina e que tiveram o sono irregular tendiam a produzir menos células inflamatórias e a desenvolver lesões menos sérias nas artérias, em comparação com os roedores que tinham os mesmos problemas, mas não receberam a dose extra do importante hormônio.
Os cientistas concluem que a redução na produção da hipocretina, devido a noites mal dormidas, contribui para o aumento da inflamação no organismo e o aparecimento da aterosclerose, conforme informação divulgada pela Agência Lusa.
Contudo, os pesquisadores lembram que é preciso avaliar os mesmos efeitos em seres humanos, para se validar os resultados e testar o uso terapêutico da hipocretina.
(com Agência Lusa)