As pessoas com diabetes do tipo 2 precisam controlar o nível de açúcar (glicemia) no sangue e, para isso, normalmente recorrem às famosas injeções de insulina. Essa realidade pode mudar. Um dispositivo minúsculo criado por cientistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, em parceria com a farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk, é capaz de liberar a insulina dentro do organismo do doente.
O teste realizado com porcos verificou que após a ingestão das cápsulas de insulina com microagulhas (são do tamanho de mirtilos), combinada com uma outra substância, o óxido de polietileno, os níveis de glicose no sangue baixaram para concentrações comparáveis às de quem injeta a substância da forma tradicional.
Segundo os autores do estudo, que foi publicado na última sexta, dia 8 de fevereiro, na revista científica Science, não foram encontrados sinais de lesões no estômago ou alterações na alimentação e nas fezes dos suínos que ingeriram o novo dispositivo de liberação de insulina.
Apesar dos resultados positivos, os pesquisadores lembram que são precisos mais estudos, uma vez que, por enquanto, o dispositivo se mostou funcional apenas em animais em jejum. Além disso, não foram avaliados eventuais problemas estomacais, apesar de, como mostram os autores, o estômago ser um órgão insensível à dor e "muito tolerante a objetos pequenos e pontiagudos".
A revolucionária cápsula contém microagulhas feitas, na ponta, de insulina liofilizada (desidratada). A haste, que não penetra na parede do estômago, é biodegradável, tal como a cápsula. Antes de chegar ao estômago, a agulha se encontra retraída por uma "mola", que está presa por um disco feito de açúcar. No estômago, a água dissolve esse açúcar, liberando a "mola" e a agulha injeta insulina na parede do estômago.
Na experiência, os cientistas observaram que a insulina demorou cerca de uma hora para chegar totalmente na corrente sanguínea e sugerem que um dispositivo semelhante poderia ser utilizado para "transportar" medicamentos injetáveis como os imunossupressores, usados para tratar doenças inflamatórias como artrite reumatoide.