Revista Encontro

Saúde

Italianos criam vacina terapêutica para vírus latente da Aids

O imunizante reduziu em 90% a quantidade de HIV

João Paulo Martins
- Foto: Pixabay

O Instituto Superior de Saúde da Itália criou uma vacina terapêutica capaz de reduzir em 90% a quantidade de vírus latente em pacientes infectados pelo HIV. O estudo que levou à criação do imunizante foi publicado no periódico científico Frontiers in Immunology no dia 13 de fevereiro e abre novas perspetivas para a descoberta da cura da Aids.

"São resultados que abrem novas perspectivas para um tratamento 'funcional' para o HIV, que é uma terapia capaz de controlar o vírus mesmo após a suspensão dos medicamentos antirretrovirais. É uma valiosa oportunidade para o manejo clínico a longo prazo de pessoas com HIV, reduzindo a toxicidade associada às drogas, melhorando a adesão à terapia e a qualidade de vida, problemas comuns em soropositivos, especialmente crianças e adolescentes", comenta a pesquisadora Barbara Ensoli, diretora do Centro Nacional de Pesquisa Sobre HIV/Aids do Instituto Superior de Saúde, em entrevista para a agência italiana de notícias DiRE.

De acordo com a cientista, até agora a vacina se mostrou segura em termos imunológicos, ou seja, induz a resposta que se espera do organismo para uma infecção. "Acima de tudo, é capaz de atingir os reservatórios do vírus e reduzir o nível viral. Esta última função nunca foi observada antes e, pelo que sei, nenhuma outra ferramenta clínica fez isto", diz Ensoli.

Chamado de Tat, o imunizante foi aplicado em pacientes soropositivos atendidos em oito hospitais italianos e foi capaz de reduzir a quantidade de HIV latente em 90% num período de oito anos – neste caso, o vírus se encontra inativo e não é afetado pelos medicamentos antirretrovirais tradicionais.

"A cura da Aids é uma prioridade absoluta da comunidade científica internacional", informa o Instituto Superior de Saúde no artigo recém publicado.

O governo italiano deve dar prosseguimento à pesquisa e não deu sinal de quando a vacina poderá estar disponível para todos os pacientes. De acordo com os cientistas, o próximo passo é testar se a suspensão da terapia combinada com antirretroviral em voluntários vacinados é possível e que efeitos causaria..