Uma pesquisa publicada na revista científica Nature Astronomy na última segunda, dia 4 de fevereiro, revela que a Via Láctea não é nada parecida com as imagens que a representam. Um mapeamento 3D de mais de mil jovens estrelas da nossa galáxia trouxe uma "uma visão sem precedentes" da estrutura que, ao invés de ser espiral e plana, é mais parecida com uma letra "S".
A Via Láctea possui cerca de 250 bilhões de estrelas, que, em sua maioria, estão localizadas nas "entranhas" da galáxia. "Pensamos geralmente que galáxias espirais se parecem com uma folha plana, como a galáxia de Andrômeda, que pode ser vista facilmente por telescópio", comenta o astrofísico Richard de Grijs, da Universidade de Macquarie, na Austrália, no artigo recém publicado.
Estrelas jovens atraem a atenção dos cientistas porque a luminosidade cresce e diminui gradualmente em resultado de processos internos. A frequência e a força dessas pulsações dependem da luminosidade absoluta do astro, permitindo que astrônomos as usem para medir distâncias no espaço. Isso foi usado para analisar as diferentes regiões da Via Láctea.
A estimativa é que o número de jovens estrelas na parte central e na extremidade da nossa galáxia seja muito baixo. Agora, astrofísicos querem justamente encontrar esses astros para entender essas regiões da Via Láctea, mesmo sendo uma missão difícil devido a uma manta de poeira e gás que cobre o centro e a extremidade dela.
Quatro anos atrás, Richard de Grijs e outros cientistas analisaram o Anel de Monóceros, que é um longo filamento de estrelas que dá três voltas na Via Láctea. Esta estrutura indica a possibilidade de que nossa galáxia não seja completamente plana, mas, ao invés disso, se pareça com um "S".
Graças à descoberta das jovens estrelas no "lado obscuro" e no centro da Via Láctea, os astrofísicos foram capazes de provar a teoria do formato em "S". Usando imagens do telescópio espacial WISE, da Agência Espacial Norte-Americana (Nasa), lançado em 2009, foram calculadas a distância exata e a posição de cerca de 1,5 mil estrelas, o que ajudou na elaboração de um mapa 3D da galáxia.
O formato da Via Láctea, segundo os cientistas, é um tanto estranho, pois suas extremidades se entrelaçam em uma espiral amassada e comprimida, o que não pode ser visto na vizinha galáxia de Andrômeda, mas que é comum em outras espiraladas.
Astrofísicos supõem que o formato é resultado da interação gravitacional entre os extremidades e a densa região central – que gira num ângulo completamente diferente das outras partes.
(com Agência Sputnik).