Um estudo realizado por pesquisadores australianos e franceses – publicado na revista científica Science Advances – chegou a uma descoberta surpreendente sobre as abelhas. Segundo os cientistas, esses insetos são capazes de realizar operações básicas de aritmética (ramo da Matemática que estuda as operações possíveis entre números). A informação foi divulgada pelo jornal americano The Washington Post.
É sabido que muitos animais têm noção de quantidades e que alguns até sabem contar – como é o caso dos chimpanzés –, mas, fazer operações matemáticas é uma habilidade rara, encontrada apenas em alguns primatas, nos papagaios e nas aranhas.
Como mostra o estudo, o cérebro das abelhas é do tamanho de uma semente de gergelim e possui apenas um milhão de neurônios. Para efeito de comparação, o órgão humano possui 100 bilhões de células nervosas. Mesmo assim, esses insetos, segundo os cientistas, são capazes de aprender e realizar exercícios complexos de memória, o que torna possível a execução de operações aritméticas, informa o Washington Post.
Metodologia
Para chegar à conclusão de que as abelhas são capazes de realizar cálculos básicos, os pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Melbourne, na Austrália, criaram um labirinto em forma de Y, onde foram "treinadas" 14 abelhas. No teste, elas apresentaram noção de "maior que" e "menor que" e foram capazes de entender que o algarismo zero devia ser colocado no início de uma sequência numérica.
No labirinto, os pesquisadores fizeram com que as abelhas, uma a uma, se deparassem, primeiramente, com um conjunto que poderia ser de duas, quatro ou cinco formas (círculos, triângulos, quadrados ou diamantes) pintadas de azul ou amarelo.
Em seguida, os cientistas colocavam a abelha numa "sala de decisão" onde devia encontrar a saída do labirinto com base nas formas que visualizou na fase anterior do teste. Para sair do labirinto, a abelha precisava fazer uma escolha baseada na cor e na quantidade das formas "memorizadas" anteriormente.
Por exemplo: se na primeira sala ela tivesse visualizado um conjunto de dois triângulos azuis, ela deveria voar em direção ao local onde havia um triângulo a mais, ou seja, três. Já se as formas vistas anteriormente fossem amarelas, o inseto deveria ir até o local onde havia um elemento a menos.
Em outra etapa da pesquisa, elas foram colocadas, primeiramente, frente a frente com formas que nunca tinham visto antes, numa quantidade também desconhecida (grupos de três). Mesmo assim, elas conseguiram encontrar a saída.
Sempre que as abelhas conseguiam sair do labirinto, elas eram recompensadas com uma solução açucarada. Por outro lado, eram "punidas" com uma solução amarga quando falhavam.
Aprendizado
O Washington Post destaca que nos primeiros testes as abelhas faziam escolhas aleatórias para tentar sair do labirinto, mas com a repetição do experimento elas passaram a encontrar a saída. Ou seja, os insetos aprenderam quando havia um elemento a mais ou a menos.
Além disso, elas passaram a fazer o processo mais lentamente, ao invés de tentar desesperadamente sair do labirinto, o que pode indicar que estavam raciocinando antes de realizar a tarefa, mostrando que possuem memória de longo prazo e habilidade para contar.
Conclusões
Em entrevista ao jornal americano, o pesquisador Adrian Dyer, um dos autores do estudo, explica a importância da pesquisa: "A evidência de que as abelhas, que possuem cérebro infinitamente menor do que o humano, podem aprender operações matemáticas é muito relevante para compreendermos como evoluímos para realizar cálculos complexos que sustentam nossa sociedade".