Na última terça, dia 26 de março, durante o encontro anual da Sociedade de Endocrinologia dos Estados Unidos, na cidade de Nova Orleans, foram divulgados os resultados da primeira fase de análise clínica da pílula anticoncepcional masculina. Ela foi testada em 40 homens saudáveis e revelou que pode ser uma maneira efetiva de diminuir a produção de espermatozoides sem afetar a libido.
"Os nossos resultados sugerem que o comprimido, que combina duas atividades hormonais numa só, diminui a produção de espermatozoides mantendo a libido", comenta a pesquisadora Christina Wang, do Instituto de Investigação Biomédica de Los Angeles, na Califórnia (EUA), uma das autoras do estudo, citada pela emissora estatal alemã Deutsche Welle.
O contraceptivo oral masculino é intitulado 11-beta-MNTDC e é composto pelo hormônio testosterona modificado, combinado com androgênio e progesterona.
Dos 40 participantes do estudo, 14 receberam doses de 200 mg do medicamento e 16 receberam doses de 400 mg. Outros 10 receberam apenas placebos. Todos os participantes ingeriram as cápsulas uma vez por dia, ao longo de 28 dias.
Os homens que ingeriram o 11-beta-MNTDC mostraram queda no nível médio de testosterona. Os participantes reportaram casos de fadiga, acne e dores de cabeça, mas não relataram efeitos colaterais mais graves.
Segundo uma a pesquisadora Stephanie Page, da Escola de Medicinada Universidade de Washington, co-autora do estudo, também citada pela Deutsche Welle, os efeitos da baixa testosterona foram mínimos porque o 11-beta-MNTDC simula bem o hormônio no restante do corpo, mas não permanece em concentrações grandes o bastante nos testículos para apoiar a produção de esperma.
Os níveis de dois hormônios necessários para a produção de espermatozoides caíram drasticamente em relação aos homens que estavam ingerindo o placebo.
"O objetivo é encontrar o composto com menos efeitos colaterais e mais eficaz", afirma Page.
Para Christina Wang, daqui a 10 anos teremos contraceptivos hormonais masculinos seguros e com efeitos reversíveis. A pesquisadora cita um estudo publicado em 2005 mostrando que 55% dos homens em relacionamentos estáveis estão abertos a tentar novos métodos contraceptivos hormonais caso seus efeitos sejam reversíveis.
O próximo passo da pesquisa, como mostra a emissora alemã, é realizar testes de maior duração, já que um período de 60 a 90 dias pode ser necessário para afetar de forma mais consistente a produção de espermatozoides. Se o medicamento for eficaz em estudos mais longos, ele será testado em grupos maiores e posteriormente em casais sexualmente ativos.
(com Deutsche Welle)
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