Especialistas concordam que a depressão e a obesidade estão entre os problemas de saúde que mais afetam a população mundial atualmente. Para se ter uma ideia, a estimativa do Ministério da Saúde é de que 18,9% da população brasileira seja vítima da obesidade e 54% tenha sobrepeso. Além disso, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), 5,8% dos brasileiros têm depressão. Esses problemas, muitas vezes, se interligam, uma vez que diversos estudos científicos já apontaram que pessoas obesas são mais propensas a desenvolver quadros de transtorno depressivo justamente devido ao excesso de peso.
Isso fez com que cientistas questionassem se a ingestão de suplementos nutricionais e a mudança dos hábitos alimentares seriam atitudes aliadas do combate à depressão.
Segundo matéria publicada no portal Medical News Today, especializado em notícias de saúde, pesquisadores das universidades de Exeter (Reino Unido), Vrije (Holanda), Leipzig (Alemanha) e das Ilhas Baleares (Espanha) decidiram investigar essa hipótese. "Como a depressão é um problema recorrente na população, encontrar formas eficazes de combatê-la é um objetivo importante", comenta o cientista Ed Watkins, da Universidade de Exeter, um dos autores do estudo, ao portal especializado.
O grupo de estudos internacional, liderado por ele, concluiu que, de certa forma, a mudança de hábitos alimentares, combinada com outras ações, pode até ser útil no combate à depressão em pessoas obesas ou com sobrepeso, mas o uso de suplementos, não.
Os resultados da pesquisa foram publicados no dia 5 de março no periódico científico Jama.
Suplementos
Para testar a possível relação entre o uso de suplementos alimentares e a depressão em pessoas acima do peso ideal, os cientistas recrutaram 1.025 voluntários com IMC (índice de massa corporal) maior que 25. Todos, de acordo com análises médicas prévias, possuíam risco de desenvolver depressão.
A partir disso, os pesquisadores dividiram os participantes em dois grupos iguais. O primeiro recebeu, diariamente, doses de suplementos como ácido fólico, vitamina D e ômega-3. Já o segundo grupo recebeu apenas pílulas de placebo.
Ao Medical News Today, Ed Watkins afirma que a conclusão do teste foi que nenhum dos dois grupos teve alteração no risco de desenvolver depressão. Ou seja, os suplementos alimentares não contribuíram para a saúde mental dos voluntários.
Mudança de hábito
Ainda como parte da pesquisa, os mesmos voluntários participaram de terapias comportamentais que os incentivaram a mudar os hábitos alimentares.
Diferentemente do uso de suplementos, esse processo interferiu positivamente no risco de desenvolvimento de depressão, de acordo com o pesquisador britânico. "Os resultados sugeriram que alterar o comportamento nutricional pode ajudar a prevenir a depressão, mas isso ainda não é conclusivo, precisamos realizar outros estudos", observa Ed Watkins ao portal científico.
Outros testes
Os pesquisadores Marjolein Visser e Ingeborg Brouwer, ambos da da Universidade de Vrije, que também participaram do estudo ao lado de Watkins, explicam que uma dieta saudável, rica em frutas, vegetais, grãos integrais, peixe, leguminosas e azeite, e pobre em carne vermelha e laticínios integrais, pode ser capaz de reduzir o risco de depressão. Além disso, a perda de peso também influencia positivamente na melhora do quadro psicológico.
Eles concordam que somente estudos futuros podem confirmar se essas ações são, de fato, capazes de influenciar a saúde mental e quais tipos de mudança na dieta são mais eficientes para reduzir as chances de uma pessoa acima do peso desenvolver depressão.