Estado de Minas INUSITADO

Jovem adquire esquizofrenia após ser arranhado por gato

Bactéria presente no sangue do felino causou o problema neurológico


postado em 26/03/2019 09:04 / atualizado em 26/03/2019 10:14

(foto: Pexels)
(foto: Pexels)

Um caso inusitado foi reportado por um estudo publicado no periódico científico Journal of Central Nervous System Disease no dia 18 de março deste ano. Um adolescente americano de 14 anos começou a ter pensamentos psicóticos intensos, incluindo alucinações, delírios e pensamentos suicidas após adquirir uma bactéria que causa a chamada "doença do arranhão do gato".

A Bartonella henselae é uma bactéria que costuma estar presente no sangue de gatos. Transmitida por meio da mordida ou do arranhão, pode causar inchaço e lesões e, esporadicamente, problemas mais sérios no coração e no sistema nervoso. Porém, até então, não se tinha notícia de que o micro-organismo poderia levar a um quadro súbito de esquizofrenia.

Segundo o artigo científico, quando o adolescente desenvolveu os sintomas neurológicos em 2015 – incluindo tentativas de suicídio – ninguém pensou numa possível infeção bacteriana.

Os cientistas da Universidade Estadual da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, sugerem que o caso pode ser um exemplo claro de que a bactéria causa danos que anteriormente eram ignorados. "Este caso é interessante por uma série de razões. Além de sugerir que a própria infeção por Bartonella poderia contribuir para distúrbios neuropsiquiátricos progressivos, como a esquizofrenia, levanta a questão de quantas vezes a infeção pode ter estado envolvida com distúrbios psiquiátricos em geral", comenta o pesquisador Ed Breitschwerdt no estudo recém publicado.

Para sorte da família do adolescente, os médicos conseguiram contornar a situação e o jovem s recuperou. Ainda assim, os tratamentos iniciais não foram totalmente eficazes. No hospital, após tomar um remédio antipsicótico por uma semana, as ideias suicidas foram reduzidas, mas o adoelscente ainda possuía sintomas de psicose.

Nas semanas seguintes, seu humor ficou instável, com explosões de raiva e medos irracionais, afetando seriamente a vida social do jovem – ele chegou a suspeitar que o gato da família estava disposto a matá-lo, de acordo com a pesquisa.

Só depois de 10 meses de tratamento é que os sinais de uma possível infecção surgiram no corpo do garoto de 14 anos. Eram linhas vermelhas na sua pele, em forma de erupções semelhantes a estrias.

No início de 2017, um médico avaliou as lesões e sugeriu que bactérias transmitidas por gatos poderiam estar relacionadas ao quadro de psicose. Já se sabia que a Bartonella henselae podia influenciar o comportamento, causando episódios de confusão e sintomas neurológicos.

"Há um intuito de tentar entender o papel potencial de infeções virais e bacterianas nas doenças neurológicas clinicamente complexas. Este caso serve de prova de que pode haver uma conexão e oferece uma oportunidade para futuras investigações", afirma Ed Breitschwerdt no artigo publicado no Journal of Central Nervous System Disease.

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