Um estudo publicado na última quinta, dia 28 de fevereiro, no periódico científico Cell, está chamando a atenção em todo o mundo. Em experimento com ratos, cientistas usaram injeção de nanopartículas para que as cobaias adquirissem visão infravermelho (noturna) que durou cerca de 10 semanas. De acordo com o artigo, o teste apresentou resultados satisfatórios durante o dia e à noite quando so animais deviam enxergar diferentes objetos. A informação foi divulgada pelo portal americano Gizmodo.
A possibilidade de ver usando o espectro infravermelho da luz pode significar uma ferramenta diferenciada para uso militar, já que soldados, no futuro, teriam capacidade de atuar em missões à noite sem usar qualquer tipo de acessório de visão noturna.
No estudo, liderado por cientistas da Universidade de Ciências e Tecnologia da China e da Escola de Medicina da Universidade de Massachusetts, nos Estados Unidos, as nanopartículas injetáveis %u200B%u200Bse ligaram às células fotorreceptoras conhecidas como bastonetes e cones. Com isso, os camundongos desenvolveram visão infravermelha – sem comprometer a visão normal que usa as três cores básicas (azul, verde e vermelho) para formar as imagens.
Segundo o pesquisador chinês Tian Xue, um dos líderes do estudo, ao mostrar que bastonetes e cones podem se ligar a essas nanopartículas e serem ativados pela luz infravermelha, a tecnologia funcionará também em olhos humanos. "Não apenas para gerar super visão, mas também para soluções terapêuticas em problemas oculares humanos relacionados à cor vermelha", comenta o cientista, citado pelo Gizmodo.
Apesar de parecer algo retirado da ficção científica, a visão infravermelho é característica de alguns animais, como as cobras píton e os morcegos. Porém, os seres humanos, assim como a grande maioria dos mamíferos, estão limitados a enxergar numa faixa de comprimentos de onda conhecidos como luz visível, que inclui os tons percebidos no arco-íris. Portanto, o espectro infravermelho, que possui um comprimento de onda bem superior ao vermelho, passa despercebido por nossos olhos – assim como as faixas de luz abaixo do violeta, conhecidas como ultravioleta.
Curiosamente, pessoas, animais e objetos podem emitir luz infravermelha devido à emissão de calor.
"Este é um assunto empolgante porque a tecnologia que tornamos possível no estudo poderá, eventualmente, permitir que os seres humanos enxerguem além de sua capacidade natural", diz Tian Xue ao Gizmodo..