Depois de ter gerado tanta controvérsia – e ser considerado até uma nave alienígena –, o objeto espacial interestelar Oumuamua, descoberto em 2017 pelo telescópio Pan-STARRS, no Havaí (EUA), agora, segundo astrônomos da Universidade de Yale e do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), dos Estados Unidos, afirmam que ele é um cometa com propriedades estranhas. A informação foi divulgada pelo portal científico SciTechDaily.
Com cerca de 274 m de extensão, o Oumuamua (que significa explorador em havaiano) é o primeiro objeto de origem interestelar a ser registrado em nosso Sistema Solar – ele viajou pelo espaço por milhões de anos antes de entrar em nossa "vizinhança".
"Ele deixou vários mistérios em sua trajetória", comenta o pesquisador Darryl Seligman, da Universidade de Yale, principal autor do novo estudo, que deve ser publicado em breve pelo periódico científico Astrophysical Journal Letters. A análise contou com o apoio do Instituto de Astrobiologia da Nasa.
Seligman, juntamente com os professores Gregory Laughlin, de Yale, e Konstantin Batygin, do Caltech, dizem que a razão para a aceleração do Oumuamua "pode ser explicada com teorias plausíveis: resultado da descarga de gás que foi aquecido pelo Sol", diz trecho da pesquisa, citada pelo SciTechDaily.
A "desgaseificação" é algo que normalmente ocorre nos cometas, segundo os cientistas. Quando esse tipo de objeto espacial se aproxima do Sol e aquece, o gelo que o constitui é derretido e eliminado em forma de jato. Normalmente, são formadas "caudas" nos cometas, devido à captura de partículas de poeira pelo jato de gás – elas costumam ser visíveis porque refletem a luz solar.
No entanto, "Oumuamua não mostra sinais de cauda". "Não só isso, Oumuamua também não exibe a rotação típica causada por um jato de gás", afirmam os pesquisadores.
Porém, como mostra o novo estudo, no modelo proposto pelos três cientistas, no Oumuamua o gás é eliminado não de um único ponto fixo na superfície, mas de "jatos que migram ao longo de sua extensão, seguindo o calor e a direção do Sol".
Isso significa que, em vez de girar, como ocorre com um típico cometa, "Oumuamua balança para frente e para trás como um pêndulo", afirma Gregory Laughlin, citado pelo portal científico.
Vale dizer que o objeto interestelar já passou da órbita de Saturno e deve levar mais de 10 mil anos para que sair completamente do nosso Sistema Solar.
Ainda conforme os pesquisadores, a nova descoberta sugere que quase todas as estrelas da Via Láctea podem ser capazes de ejetar esse tipo de objeto durante o processo de formação de planetas. Se isso for verdade, os telescópios que estão sendo construídos, como o Grande Telescópio de Levantamento Sinótico (LSST), no Chile, poderão ajudar os cientistas a aprender mais sobre eles.
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