Quando o próximo robô espacial da Agência Espacial Norte-Americana (Nasa), chamado Mars 2020, pousar no Planeta Vermelho no início de 2021, ele levará consigo um pequeno helicóptero, que será capaz de sobrevoar a superfície marciana – feito inédito na história da exploração do Sistema Solar. Até agora, a Nasa já enviou naves, orbitadores e robôs mas não máquinas capazes de voar em outros planetas. A informação foi divulgada pela revista científica americana Discover.
De acordo com a publicação, enquanto os helicópteros são uma tecnologia bastante conhecida na Terra, eles enfrentarão um desafio em Marte. Graças à fina atmosfera do Planeta Vermelho, esse tipo de aeronave, para levantar voo acima da superfície, terá que alcançar cerca de 30 mil metros, muito além da altitude padrão para helicópteros e até mesmo aviões. Até hoje, o recorde para esse tipo de veículo aéreo na Terra chega a "apenas" 12 mil metros.
Os engenheiros da Nasa e do Laboratório de Propulsão a Jato (JPL, na sigla em inglês), do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), nos Estados Unidos, tiveram de criar uma nave incrivelmente leve e ao mesmo tempo extremamente resistente. Como resultado, surgiu um helicóptero com o tamanho de uma bola de futebol e cerca de quatro quilos. As pás do rotor girarão a três mil rpm, ou seja, 10 vezes mais rápido do que a maioria dos helicópteros terrestres.
Conforme a Discover, os pesquisadores estão trabalhando nesse projeto desde 2013, embora a missão Mars 2020 não tenha sido aprovada até maio de 2018.
Além do desafio de voar no Planeta Vermelho, os engenheiros também tiveram de resolver o problema do atraso na comunicação entre Marte e a Terra, que dura alguns minutos. Para tanto, como mostra a revista americana, os cientistas resolveram o problema com os robôs espaciais: tirando fotos detalhadas dos terrenos e, em seguida, orientando os equipamentos lentamente em direção aos objetivos, com muitas paradas ao longo do caminho para reavaliar quaisquer riscos.
Só que o helicóptero demanda tempo de resposta mais rápido, para evitar certos padrões de vento e outros obstáculos que poderiam impedir o voo normal e retirá-lo do curso.
COmo mostra a publicação, a aeronave que será testada em Marte em 2021 deve ser autônoma, realizando voos curtos. Ela receberá comandos e se comunicará por meio do robô espacial Mars 2020, mas terá suas próprias baterias solares e um aquecedor para mantê-lo livre do frio noturno do Planeta Vermelho.
A missão deve durar 30 dias e incluirá cinco vôos. Inicialmente, serão testes simples pairando a apenas três metros do chão. Em seguida, partirá para voos mais "longos", com duração de 90 segundos.