Há anos cientistas tentam criar um novo combustível que substitua os derivados do petróleo e que seja sustentável – o álcool é bem menos poluente mas demanda uma grande área cultivada. Uma opção já conhecida é o hidrogênio, que pode ser conseguido por meio da quebra das moléculas de água. O problema é que as fontes de água doce estão cada vez mais escassas e seria preciso milhões de litros para produzir uma boa quantidade do gás. A solução, então, seria usar o gigantesco estoque do líquido disponível em nossos oceanos. Mas, como obter o gás da água salgada de forma viável?
Pesquisadores da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, criaram um método simples que se mostrou eficaz e que pode ser ampliado para produção em larga escala. No estudo, que foi publicado na revista científica Proceedings, da Academia Nacional de Ciências dos EUA, no dia 18 de março, foi possível retirar o hidrogênio da água salgada – eles utilizaram amostras da baía de São Francisco, na Califórnia – sem que o cloro afetasse o processo.
A equipe, liderada pelo pesquisador Hongjie Dai, utilizou eletrodos cobertos com camadas ionizadas de níquel para repelir o cloro e evitar corrosão. Painéis solares ajudaram a fornecer energia para o equipamento responsável pela eletrólise (processo que separa os átomos de hidrogênio e oxigênio). O diferencial da nova pesquisa, além da capacidade de evitar o cloro, é que as combinações de níquel ionizado fizeram com que os elrtrodos deixassem de ser substituídos a cada 12 horas, passando a funcionar por um tempo pelo menos 100 vezes maior.
Vale lembrar que o processo aperfeiçoado pelos americanos foi realizado com uma máquina de dimensões pequenas. Ainda assim, foram capazes de criar um conceito que pode ser adaptado para uso em nível industrial.
O novo sistema conseguiu gerar 10 vezes mais eletricidade, tornando viável a transformação de água salgada em hidrogênio. O que transforma nossos oceanos em possíveis fontes de energia limpa. Em breve, automóveis equipados com células de combustível movidas a hidrogênio serão acessíveis. Ao mesmo tempo, o sistema também poderá aproveitar a produção de oxigênio para uso médico ou em mergulhos.
"O mais impressionante do estudo é que fomso capazes de operar correntes elétricas similares às usadas atualmente pela indústria", comenta o pesquisador Michael Kenney, co-autor da pesquisa, citado pelo site da Universidade de Stanford.
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