Um estudo realizado por cientistas da Alemanha e do Chipre, a pedido da Sociedade Europeia de Cardiologia, e que foi divulgado na última terça, dia 12 de março, aponta que a poluição atmosférica mata mais que o cigarro no mundo, todos os anos. A estimativa é de que o ar contaminado tenha vitimado 8,8 milhões de pessoas em 2015, enquanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que o tabagismo seja responsável pela morte de cerca de sete milhões de fumantes anualmente no mundo. A informação é da emissora estatal alemã Deutsche Welle.
Os pesquisadores constataram que na Europa – foco principal da pesquisa – a poluição do ar resultou em 790 mil mortes, sendo que entre 40% e 80% delas ocorreram em decorrência de doenças cardiovasculares, como ataques cardíacos e derrames. "Como a maior parte do material particulado e de outros poluentes atmosféricos na Europa provêm da queima de combustíveis fósseis, precisamos mudar para outras fontes de geração de energia com urgência", comenta o pesquisador Jos Lelieveld, do Instituto Max-Planck de Química, da Alemanha, coautor do estudo, citado pela emissora.
"Quando usamos energia limpa e renovável, não estamos apenas cumprindo o Acordo de Paris [tratado criado após a convenção da ONU sobre aequecimento global em 2015] para mitigar os efeitos das mudanças climáticas, mas também podemos reduzir as taxas de mortalidade relacionadas à poluição do ar na Europa em até 55%", completa o cientista alemão.
O estudo, publicado no periódico científico European Heart Journal, se concentrou no ozônio e nas menores partículas poluidoras, conhecidas como PM 2.5, que são particularmente prejudiciais à saúde, pois podem penetrar nos pulmões e na corrente sanguínea.
Os pesquisadores aplicaram o novo Modelo de Exposição Global de Mortalidade a um amplo banco de dados epidemiológico – com números atualizados de densidade populacional, idade, fatores de risco de doença, causas de morte – para simular a maneira como produtos químicos naturais e artificiais interagem com a atmosfera.
De acordo com o estudo, os dados indicam que o impacto danoso à saúde das PM 2.5 – principal causa de doenças respiratórias e cardiovasculares – foi muito pior do que se pensava anteriormente.
A Deutsche Welle lembra que, em todo o mundo, a poluição do ar vem causando 120 mortes a cada grupo de 100 mil pessoas, todos os anos.
(com Deutsche Welle)