Estado de Minas ASTRONOMIA

Astrônomos detectam raro fenômeno de fragmentação de asteroide

O 6478 Gault já possui uma 'cauda' de 800 mil km


postado em 01/04/2019 10:38 / atualizado em 01/04/2019 10:47

Segundo os cientistas, o asteroide 6478 Gault possui uma 'cauda' de detritos de 800 mil km(foto: Nasa/ESA/K. Meech e J. Kleyna (University of Hawaii)/O. Hainaut (European Southern Observatory)/Divulgação)
Segundo os cientistas, o asteroide 6478 Gault possui uma 'cauda' de detritos de 800 mil km (foto: Nasa/ESA/K. Meech e J. Kleyna (University of Hawaii)/O. Hainaut (European Southern Observatory)/Divulgação)

Descoberto em 1988, o asteroide 6478 Gault, que possui quatro quilômetros de largura, vem sendo observado repetidamente, mas só agora foi detectada uma cauda de detritos gigantesca, que pode indicar a primeira evidência de desintegração do objeto espacial. Gault está localizado a 344 milhões de km do Sol e dos cerca de 800 mil asteroides conhecidos entre Marte e Júpiter, os astrônomos estimam que esse tipo de evento é raro, ocorrendo aproximadamente uma vez por ano. A informação foi divulgada pela Agência Espacial Norte-Americana (Nasa) em seu site oficial.

"Não precisamos ir até Gault", comenta o astrônomo Olivier Hainaut, do Observatório Europeu do Sul, na Alemanha, membro da equipe de observação do asteroide, citado pela Nasa. "Nós apenas tivemos que olhar para a imagem gravada e podemos ver todos os grãos de poeira bem ordenados por tamanho. Todos os grãos grandes, mais ou menos do tamanho de partículas de areia, estão próximos do objeto e os menores, do tamanho de grãos de farinha, são os mais distantes, porque estão sendo empurrados mais rapidamente pela pressão da luz solar", afirma o cientista.

Gault é o segundo asteroide conhecido cuja desintegração está fortemente ligada a um processo conhecido como efeito YORP (Yarkovsky O'Keefe Radzievskii Paddack, que são os nomes dos cientistas que criaram o conceito. De acordo com a Nasa, quando a luz solar aquece esse objeto espacial, a radiação infravermelha que escapa de sua superfície aquecida libera calor e movimento angular. Este processo cria uma pequena força que pode fazer com que o asteroide gire cada vez mais rápido. Quando a força centrífuga resultante começa a superar a da gravidade, a superfície do objeto espacial torna-se instável, e deslizamentos de terra podem fazer com que poeira e entulho caiam no espaço. Os pesquisadores estimam que o 6478 Gault pode estar girando lentamente há mais de 100 milhões de anos.

Graças ao telescópio espacial Hubble e a observatórios terrestres, a primeira cauda de detritos foi observada no dia 5 de janeiro de 2019. Equipes dos telescópios ATLAS e Pan-STARRS, que ficam no Havaí (EUA), encontraram vestígios dos destritos em imagens presentes nso arquivos. Em meados de janeiro, uma segunda cauda mais curta foi observada pelos telescópios do Havaí e pelo Isaac Newton, na Espanha, assim como por outros observadores. "Uma análise de ambas as caudas mostra que os dois eventos de poeira ocorreram por volta de 28 de outubro e 30 de dezembro de 2018", informa a Nasa em seu site oficial.

Os jatos estreitos do asteroide sugerem que a poeira foi liberada em rajadas curtas, com duração de algumas horas a alguns dias. "Esses eventos súbitos liberaram tantos fragmentos que daria para formar uma espécie de 'bola suja' de aproximadamente 150 m de diâmetro. As caudas começarão a desaparecer em poucos meses, quando a poeira se dispersar no espaço sideral", diz a agência americana.

Com base nas observações, os astrônomos estimam que a cauda mais longa se estenda por 800 mil km e tenha aproximadamente 3,8 mil km de largura. A cauda mais curta tem cerca de um quarto desse comprimento.

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