Estado de Minas CURIOSIDADE

Em breve será possível fazer 'download' da nossa mente

Cientistas criaram um material quântico capaz de interagir com o cérebro


postado em 17/04/2019 10:33 / atualizado em 02/05/2019 11:26

(foto: Pixabay)
(foto: Pixabay)

Imagine se o cérebro pudesse identificar possíveis danos à sua estrutura? Com isso seria possível atentar aos sinais precoces de doenças neurológicas como o Mal de Parkinson ou de Alzheimer. No futuro, essa capacidade também poderá ser ampliada para que memórias e pensamentos sejam lidos e até copiados. Apesar do funcionamento da mente ainda ser um "mistério", pesquisadores da Universidade de Purdue e do Laboratório Nacional de Argonne, ambos dos Estados Unidos, desenvolveram um novo material que pode "escutar" o cérebro. A informação foi divulgada pelo portal americano Hype Science.

Na verdade, os cientistas conseguiram criar um material quântico que lê as correntes iônicas, que ajudam nossa mente a realizar ações escpecíficas como algo tão básico quanto enviar um sinal para respirar. Detectar íons significa também detectar a concentração de uma molécula, que serve como um indicador da saúde do cérebro.

O estudo foi publicado no dia 10 de abril na revista científica Nature Communications. De acordo com o Hype Science, os cientistas conseguiram demonstrar a capacidade de um material quântico para receber automaticamente hidrogênio quando colocado sob uma fatia de cérebro de uma cobaia. Como estamos falando de física quântica, o material usado possui propriedades eletrônicas que não podem ser explicadas pela física clássica e que conferem uma vantagem exclusiva sobre outros componentes eletrônicos, como o silício, comum em processadores de computador.

A vantagem do material quântico está relacionada aos elétrons, que o tornam extremamente sensível e sintonizável.

"O objetivo é preencher a lacuna entre o modo como a eletrônica pensa, que é via elétrons, e como o cérebro pensa, o que é via íons. O novo material nos ajudou a encontrar uma possível ponte", comenta o pesquisador Hai-Tian Zhang, da Universidade de Purdue, principal autor do estudo, citado pelo portal americano.


"Imagine colocar um dispositivo eletrônico no cérebro para que, quando as funções cerebrais naturais começarem a se deteriorar, uma pessoa ainda possa recuperar memórias usando o dispositivo", diz o pesquisador Shriram Ramanathan, também da Universidade de Purdue, cujo laboratório é especializado no desenvolvimento de tecnologias inspiradas no cérebro, citado pelo Hype Science.

"Podemos dizer com certeza que o material é um caminho em potencial para que se construa um dispositivo computacional capaz de armazenar e transfirer memórias", completa o cientista.

Os pesquisadores testaram este material em duas moléculas: glicose, um açúcar essencial para a produção de energia; e dopamina, um neurotransmissor que regula o movimento, as respostas emocionais e a memória. Como as quantidades de dopamina são normalmente baixas no cérebro, e ainda menores em pessoas com Parkinson, detectar essa substância costuma ser muito difícil. Mas o diagnóstico precoce dos níveis de dopamina significa antecipar o tratamento dessa doença neurológica.

"O material quântico é cerca de nove vezes mais sensível à dopamina do que os métodos que usamos atualmente em modelos animais", diz Alexander Chubykin, do Instituto de Neurociência Integrativa da Universidade de Purdue, também citado pelo portal.

O material quântico deve sua sensibilidade às fortes interações entre os chamados "elétrons correlacionados". Os pesquisadores descobriram que, quando colocavam o material em contato com moléculas de glicose, os óxidos capturavam espontaneamente hidrogênio da glicose por meio de uma enzima. O mesmo aconteceu com a dopamina liberada de uma fatia do cérebro do rato.

A forte afinidade com o hidrogênio, que foi demonstrada no Laboratório Nacional de Argonne, permitiu que o material extraísse átomos por conta própria – sem uma fonte de energia externa.

"O fato de não fornecermos energia ao material para que ele absorva o hidrogênio significa que ele pode carregar componentes eletrônicos de baixa potência com alta sensibilidade. Isso pode ser útil para investigar ambientes inexplorados também", afirma Shriram Ramanathan.

O próximo passo, de acordo com os cientistas, é criar uma forma de o material "se comunicar" com o cérebro.

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