Aumento da temperatura, mares de plástico, derretimento das calotas polares. Às vezes parece que a natureza nunca esteve tão ameaçada. E de acordo com um relatório da ONU sobre a situação da biodiversidade e dos ecossistemas no mundo, temos motivos reais acreditar nisto. "Estamos erodindo as próprias fundações de nossas economias, meios de subsistência, segurança alimentar, saúde e qualidade de vida em mundo todo", disse o químico britânico Sr Robert Watson.
O estudo foi feito pela Plataforma Intergovernamental de Políticas Científicas sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES, na sigla em inglês). Os 145 autores compilaram durante três anos diversos dados relacionados ao impacto da ação humana no planeta Terra. E o resultado encontrado foi preocupante…
Estamos testemunhando uma destruição sem precedentes do meio ambiente, com taxas nunca antes vistas na história da humanidade. Hoje, cerca de 1 milhão de espécies de animais e plantas existentes no planeta estão ameaçados de extinção. Anualmente, entre 300 e 400 milhões de toneladas de metais pesados, solventes e outros rejeitos de fábricas são despejados no mar. O relatório também encontrou 245 mil quilômetros quadrados de "zonas mortas" nos oceanos, totalizando uma área maior do que o Reino Unido.
Lista de animais ameaçados extinção cresce no país.
Um dos maiores culpados pela destruição do meio ambiente é a agropecuária. Mais de um terço da superfície terrestre e quase 75% da água fresca do mundo são dedicados exclusivamente às plantações e a criação de gado. Apesar de basear parte da sua expansão com a ocupação de florestas, a agricultura é um dos setores que mais serão impactados pela diminuição da biodiversidade. Cerca de três quartos de todas as plantações do mundo dependem de animais para fazer a polinização. A perda destes agentes polinizadores resultaria em um prejuízo anual que variaria entre 235 e 577 bilhões de dólares.
A situação também é perigosa para quem vive debaixo d’água. O estudo da ONU estima uma redução entre 3% e 25% da biomassa de peixes até o final do século, afetando diretamente o sustento dos mais de 30 milhões de pescadores no mundo. Mas ninguém sofreu tanto nos últimos anos quanto os corais. A população viva destes animais, que servem como alimento e abrigo para a fauna marinha, reduziu pela metade desde 1870.
Embora o futuro seja assustador, ele ainda pode ser mudado. O relatório do IPBES também aponta soluções e metas para a próxima década, que serão debatidas em 2020 na convenção da ONU sobre biodiversidade. “O estudo ajudará a construir uma fundação forte para modelar um plano sobre a biodiversidade global pós-2020; um ‘New Deal’ para a natureza e para o povo” disse Achim Steiner, administrador do programa de desenvolvimento da ONU.