Resultados preliminares de um estudo brasileiro, que pode representar um grande avanço na luta contra o câncer de mama, foram apresentados durante aula intitulada "Como Evitar a Cirurgia", em um dos mais prestigiados congressos de imagem da mama do mundo, o EUSOBI – Congresso Anual da Sociedade Europeia de Imagem Mamária, que aconteceu em Lisboa em outubro.
O pesquisador, mastologista e presidente do Departamento de Imagem e Procedimentos Minimamente Invasivos da Mama da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), Henrique Lima Couto, é o Investigador Principal do Estudo VAE Breast 1 (RBR-85nxvjd), o único do gênero no mundo. Trata se de um estudo prospectivo de braço único que está sendo realizado em Belo Horizonte e avalia a remoção de lesões mamárias através da Excisão Assistida a Vácuo (VAE) associada a avaliação das margens (shaving), um procedimento minimamente invasivo que utiliza uma agulha associada a vácuo (mamotomia) para extrair a lesão por completo, com margens de segurança.
A técnica da Mamotomia já é utilizada em todo o mundo desde 1996, mas seu uso até então era restrito à biópsia diagnóstica para determinar se uma lesão é maligna. A inovação deste estudo está na possibilidade de realizar o diagnóstico e o tratamento ao mesmo tempo, o que representa um grande avanço no combate ao câncer de mama.
Segundo o pesquisador, o método mostrou-se eficaz no diagnóstico e tratamento de pequenas lesões únicas de até 15 mm. A pesquisa está em andamento há 10 meses e, até o momento, em torno de 50 mulheres foram submetidas ao procedimento com elevada taxa de sucesso. "A grande inovação é a técnica de avaliação das margens (shaving) associada a Excisão Assistida a Vácuo (VAE). Por meio dessa técnica é possível prever se o tumor foi completamente ressecado pelo procedimento podendo no futuro evitar e prescindir a cirurgia. Até o momento estamos com 100% de ressecção completa quando a avaliação das margens (shaving) é satisfatória e negativa", afirma o Dr. Henrique. O estudo está sendo realizado na clínica Redimama, em Belo Horizonte, e os resultados preliminares de segurança foram apresentados em maio desse ano no Simpósio Brasileiro de Câncer de Mama (BBCS) em Brasília.
"Essa é uma notícia que traz esperança, já que o Brasil enfrenta grandes desafios no diagnóstico e tratamento do câncer de mama. A detecção precoce é essencial para o sucesso do tratamento, e essa técnica tem o potencial de reduzir drasticamente os custos, reduzir o tempo de diagnóstico e tratamento do câncer, e melhorar consideravelmente a qualidade de vida das pacientes, evitando-se uma cirurgia tradicional com um procedimento que dura em média 23 minutos", destaca o pesquisador.
O Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima que, entre 2023 e 2025, o Brasil terá 73.610 novos casos de câncer de mama, o que representa uma taxa de 41,89 casos por 100 mil mulheres.