
O pesquisador da Epamig, Gladyston Carvalho, destaca que a aplicação da ciência transforma a cafeicultura e fortalece a sustentabilidade da atividade. "São 587 municípios cultivando café. Minas Gerais é o maior produtor do Brasil, com 50% da área cafeeira e 40% da produção nacional. São muitos produtores que dependem da cultura e da pesquisa agropecuária", afirma.
Já o pesquisador Vinícius Andrade ressalta o impacto do melhoramento genético na produtividade. "Na década de 1980, a média era de sete sacas por hectare. Hoje, esse número varia entre 25 e 30 sacas", compara. Segundo ele, além do aumento da produção, as pesquisas contribuem para manter os cafeicultores na atividade, garantindo boa rentabilidade e incentivando a sucessão familiar no campo.
Pesquisas genéticas
O avanço da ciência consolidou Minas Gerais como referência na cafeicultura nacional. Cultivares como Topázio MG1190, MGS Paraíso 2, MGS EPAMIG 1194, MGS Aranãs e MGS Ametista foram desenvolvidas para as condições climáticas e de solo do estado, aprimorando produtividade, vigor e qualidade dos grãos. Ao todo, a Epamig já registrou mais de 20 cultivares.
O desenvolvimento de uma nova cultivar é um processo longo, que pode levar de 20 a 30 anos. A técnica de hibridação permite cruzar características desejadas de diferentes plantas. Nos primeiros 12 anos, os experimentos ocorrem em campos de testes, e só após ampla validação em diferentes ambientes as cultivares são registradas e recomendadas para uso comercial.
Entre 2016 e 2022, a Epamig realizou um projeto de avaliação de cultivares no Cerrado Mineiro, em parceria com a Federação dos Cafeicultores do Cerrado e o Consórcio Pesquisa Café. Os resultados identificaram cultivares de alto potencial para a região, abrindo caminho para novos projetos de validação e transferência de tecnologia para outras áreas cafeeiras do estado.