Nesta sexta, dia 19 de outubro, as pessoas que têm medo de avião ficaram ainda mais assustadas com a notícia da forte tuburlência que atingiu o voo AR-1303 da Aerolíneas Argentinas que partiu de Miami, nos Estados Unidos, em direção a Buenos Aires, na Argentina, com 192 pessoas a bordo. A aeronave enfrentou o problema enquanto sobrevoava a floresta amazônica, deixando 15 feridos.
As turbulências podem ser encaradas como um verdadeiro pesadelo por alguns passageiros, para outros, é apenas algo irritante. Em todos os casos, é importante ter em mente que as turbulências raramente são perigosas, embora possam ser bem desconfortáveis.
Para esclarecer a questão, conversamos com o piloto Menno Kroon, da empresa aérea holandesa KLM, que tem mais de 28 anos de profissão:
Culpa do vento
Há uma distinção entre turbulências de altitudes elevadas e turbulências de altitudes baixas. "As turbulências perto do chão são muitas vezes causadas por ventos pesados. Isso pode ser problemático durante a decolagem ou pouso em tempestades. No entanto, equipes de voo são treinadas justamente para lidar com essas situações", esclarece o piloto.
Ar ascendente
Em altitudes mais elevadas, as turbulências surgem quando o ar sobe verticalmente – de baixo para cima. "Funciona da seguinte forma: o Sol esquenta a terra e o ar acima dela. O ar quente se expande e sobe.
Correntes de jato
"Os jatos de ar, como são chamadas as grandes correntes de alguns planetas, incluindo a Terra, produzem um vento extremamente forte numa altitude mais elevada, atingindo velocidades de mais de 300 km/h. Esses ventos sopram principalmente do oeste para o leste no hemisfério Norte. O problema da corrente de jato é que ela pode mudar de direção repentinamente quando encontra áreas de alta ou baixa pressão, esclarece o especialista. "Muitas turbulências podem surgir nessas chamadas dobras, que são similares àquelas em um rio de corrente rápida".
Montanhas
"Se houver um vento forte, o ar pode ser direcionado para cima quando encontrar montanhas mais altas. Isso pode causar ondas que podem ser sentidas em altitudes elevadas e em distâncias grandes. Como resultado, às vezes ocorrem turbulências ao passar por uma cadeia de montanhas", diz Kroon.
Vórtice de esteira
O piloto revela que há ainda uma forma de turbulência causada pela própria aeronave. "Essa turbulência de esteira é parecida com aquela deixada por um grande navio passando pela água.
O que os pilotos podem fazer?
"Ao nos prepararmos para um voo, sempre estudamos as tabelas de previsão do tempo. Isso permite prevermos o tempo e onde podemos esperar encontrar turbulências. Durante o voo, tentamos evitar qualquer turbulência que possamos ver da cabine de comando ou em nossas telas de radares. Também mantemos contato com o controle de tráfego aéreo e com outras aeronaves na área para nos manter a par das condições climáticas recentes".
Turbulência inevitável
"Às vezes restrições de tráfego aéreo nos impedem de evitar turbulências ou podemos ser surpreendidos pelas turbulências que não conseguimos ver no radar. É aí que a luz de colocar os cintos acende e é solicitado que você se sente imediatamente. Se o balanço estiver muito forte, paramos até mesmo de servir os passageiros e a tripulação precisa colocar os cintos também. Isso é importante para a segurança de todos", comenta Menno Kroon. Em relação a possíveis danos no avião, o piloto explica que há pouca ou nenhuma chance de isso acontecer.