Revista Encontro

Dependência

Seu filho pode estar 'viciado' em tecnologia

Especialista fala sobre como lidar com o uso excessivo dos dispositivos

Da redação com assessorias
- Foto: Pixabay

Estamos vivendo a chamada Era Digital, portanto, é quase impossível proibir crianças e adolescentes de usarem dispositivos eletrônicos. Porém, se o jovem fica excessivamente preocupado querendo sinal de wi-fi quando sai de casa; sente necessidade cada vez maior de ficar conectado; ou apresenta ataques de ansiedade quando não pode usar o celular, é sinal de que algo saiu do controle.

Esses podem ser indícios de que a dependência da internet está se instalando. Segundo um estudo publicado no periódico científico Cyberpsychology, Behavior and Social Networking, que avaliou 89 mil pessoas em 31 países, a dependência da internet afeta cerca de 6% da população mundial.

Para a neuropsicóloga Thaís Quaranta, os pais realmente precisam prestar mais atenção no uso da tecnologia pelos filhos. "As crianças e adolescentes costumam adotar os padrões de comportamentos da família, ou seja, dos pais. Assim, se os pais usam demasiadamente o celular, a internet, as mídias sociais ou até mesmo o vídeo game, estão contribuindo para que a criança ou o adolescente siga este mesmo padrão", comenta a especialista.

E por falar nos pais, um estudo divulgado este ano, avaliou a associação entre o vício de adolescentes na internet com o relacionamento parental. Os resultados mostram que a pouca disponibilidade materna é um fator que leva à dependência eletrônica. "Este é um achado muito importante, pois corrobora com a percepção que temos das dinâmicas familiares atuais. Pais cada vez mais ocupados e menos presentes.
Os eletrônicos, em muitos casos, acabam sendo usados para preencher esse espaço, essa ausência parental", afirma a neuropsicóloga.

O grande problema, de acordo com Thaís Quaranta, é que um cérebro em formação, como é o caso das crianças e dos adolescentes, é mais vulnerável à dependência. "Há inúmeros efeitos negativos bem documentados pela literatura. Depressão, isolamento social, ansiedade, distúrbios do sono, déficit de atenção e queda do desempenho escolar. Todas essas condições podem ser causadas quando o uso da tecnologia ultrapassa os limites", explica.

Outro ponto levantado pela especialista é que houve uma mudança importante relacionada a inversão da hierarquia geracional. "Hoje, as crianças e adolescentes já nascem em um mundo altamente tecnológico. É muito comum que ensinem os pais a usarem o celular, o computador e outros dispositivos. Esse conhecimento digital pode criar um ambiente familiar menos equilibrado, dificultando que os pais delimitem o uso da tecnologia, pois perdem a autoridade", diz.

O mais importante é que os pais, em um primeiro momento, avaliem o próprio comportamento em relação ao uso da tecnologia. Não é possível exigir da criança ou do adolescente um modelo diferente daquele que existe. "Isso quer dizer que se os pais usam o celular na hora das refeições em família, por exemplo, e dedicam mais tempo para a tecnologia do que para os próprios filhos, a mudança precisa começar por eles. Depois, é fundamental retomar a autoridade e impor limites. Crianças e adolescentes precisam disso", ressalta Thaís. Ela lembra que os dispositivos eletrônicos e as mídias sociais fazem parte do mundo atual e do contexto social em que vivemos. "O mais importante é fazer um bom uso e estar consciente de que os pais são responsáveis por limitar e supervisionar o uso, assim como são os modelos de comportamento para os filhos.
Além claro de prestar atenção aos sinais que possam indicar um atitude de dependência destes dispositivos", completa a neuropsicóloga..