Sabia que, em média, um adulto mexe 1,5 mil vezes no smartphone por semana, o que dá cerca de 214 vezes por dia? Esse hábito está causando uma dependência e também problemas de atenção. Isso é o que mostra um estudo realizado por Alexander Markowetz, da Universidade de Bonn, na Alemanha, e divulgado pela emissora estatal alemã Deutsche Welle.
O pesquisador avaliou os hábitos telefônicos de 60 mil participantes. O resultado, segundo ele, é "assustador" ao mostrar que o uso do celular assumiu proporções tão anormais, que a espécie humana, aos poucos, vai se transformando em "Homo digitalis".
Levando em conta as 16 horas de vigília e as oito de sono, o cientista chegou à conclusão de que a cada 18 minutos uma pessoa interrompe as atividades para se ocupar do smartphone, mesmo que seja só para dar "uma olhadinha" no horário. O que alguns consideram "multitasking" (multitarefas), Markowetz classifica como "desvio de atenção", de acordo com a Deutsche Welle.
No entanto é difícil determinar a partir de que ponto exatamente os hábitos de usuário assumem características doentias ou de dependência. Não há unanimidade sobre o que seria um "comportamento normal de uso das mídias".
Em entrevista à emissora alemã, o especialista em novas mídias Jörg Müller-Lietzkow defende que é preciso definir a dependência com base no efeito, e não no tempo de consumo. Quando necessidades básicas como comer, beber, dormir são negligenciadas, ele considera a situação crítica.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) define dependência, em geral, como desejo forte e perda de controle do consumo, assim como um incremento constante. Além disso, a OMS sempre pressupõe a dependência em relação a uma substância concreta, sejam drogas, álcool ou tabaco. Até o momento, apenas a gaming disorder (dependência dos jogos digitais), foi reconhecida, em 2018, como distúrbio autônomo e com objeto definido.
A maioria, porém, não é "heavy user" de smartphone.
Um enigma para os pesquisadores, talvez até mesmo insolúvel, é até que ponto o consumo digital afeta a vida do ser humano moderno, sobretudo no longo prazo. Por um lado, na escala científica, os smartphones existem há um tempo relativamente curto.
(com Deutsche Welle).