A história do Piselli passa também pela própria história de seu fundador. Nascido em Joanópolis, no interior de São Paulo, Juscelino cresceu em um sítio, vendo os pais, Otávio e Elsa, trabalharem com a terra. Agricultor, o casal plantava feijão, milho e algumas hortaliças. Quando tinha 10 anos, o menino passou a ajudar o pai também em uma pequena venda, que ofertava de tudo um pouco. "Sempre tive o empreendedorismo na minha vida de uma forma natural", diz Juscelino. Aos 17 anos, quando já tinha suas próprias hortas, lhe bateu uma angústia se queria continuar na roça ou ir para a cidade ganhar a vida. Foi quando teve a ideia de plantar algo com o que nenhum outro produtor da região trabalhava. Investiu tudo o que tinha em ervilha. Foi até Bragança Paulista pegar as sementes, preparou a terra e viu a planta brotar. Foi até São Paulo e conseguiu garantir a venda dos 400 quilos de ervilha que colheria em breve. "Voltei no ônibus numa alegria sem fim. Com o dinheiro daria para comprar um fusca", lembra.
. O Piselli de Brasília, no Shopping Iguatemi, inaugurado em junho de 2021: foco na gastronomia Toscana - Foto: Ligia Skowronski/DivulgaçãoSeis meses depois, reuniu a família para o grande dia: a colheita. Foi no caminhão de um tio que pegou a estrada em direção à Ceagesp. Assim que chegou no primeiro comprador, veio a notícia: as ervilhas estavam todas estragadas. "Eu fiquei paralisado. Senti um soco no estômago", diz. Foi então que o produtor descobriu que tinha plantado ervilha torta, uma espécie que deveria ter sido colhida um mês antes.
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O rapaz resolveu dar uma guinada na vida. A frustração o levou para a capital. Foi trabalhar no bar Casarão, no bairro Casa Verde, zona norte de São Paulo. Ali, fazia de tudo um pouco: lavava chão, servia a clientela e preparava sanduíches. Caiu no gosto dos frequentadores, que logo lhe alertaram que ele tinha futuro como garçom. "Falaram que eu tinha jeito para atender o público e que eu deveria tentar trabalhar nos Jardins, bairro em que davam boas gorjetas", lembra. Ficou ainda na Casa Verde durante dois anos, quando pediu demissão e foi trabalhar como auxiliar, garçom e maître. Foi parar em um restaurante francês na sede do Jockey Club. "Era muito sofisticado, com uma adega imensa. Uma boa escola", define ele, que passou a se dedicar ao estudo de vinhos. Além dos livros, fez curso de sommelier da Associação Brasileira de Sommeliers, ABS.
. Uma Itália para cada restaurante
A rede é italiana, mas cada unidade se especializou em uma região do país. O primeiro restaurante, nos Jardins, em São Paulo, tem como pano de fundo Piemonte. Já o localizado no Shopping Iguatemi da capital paulista, vai em direção ao sul da Bota, com mais peixes e frutos do mar. O que funciona no último andar da Associação Comercial de São Paulo, no Centro, tem um perfume milanês. E o de Brasília, inaugurado em junho de 2021, segue uma gastronomia toscana. Entre os pratos principais, destaque para o Tonno Arabo, atum com crosta de especiarias, redução de vinho Marsala, babaganoush defumada e coalhada seca. "Foi muito especial estar aqui. Sinto que estar em Brasília é homenagear meu avô, que sabia que eu chegaria lá."
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