
"A Frente Parlamentar Evangélica convoca todos os evangélicos, todos os cristãos, bem como as pessoas que se sentem violentadas por esses constantes estupros morais impostos pela mídia liberal, a não assistirem à novela Babilônia. Da mesma forma, a título de protesto, recomenda que não consumam os produtos dos anunciantes que patrocinam essa telenovela", diz o comunicado.
A nota ainda acusa a emissora de provocar os evangélicos. "Assim como outras anteriormente exibidas pela Rede Globo, Babilônia tem a clara intenção de afrontar os cristãos em suas convicções e princípios, querendo trazer, de forma impositiva, para quase toda a sociedade brasileira, o modismo denominado por eles de 'outra forma de amar', contrariando nossos costumes, usos e tradições", diz o texto.
Efeito social
Segundo a psicóloga Martha Elizabeth de Souza, com o passar do tempo, a sociedade vem se flexibilizando, mas o processo de aceitação ainda é lento. "Ainda existe muita resistência. Os homossexuais sofrem muito preconceito pelas questões religiosas, familiares e até culturais. Essa não é uma questão superada", explica.
Para a especialista, a cena protagonizada por duas atrizes da terceira idade potencializa a discriminação. "Eu achei muito bacana o beijo entre a Fernanda e a Nathália porque as pessoas pensam que idosos não têm vida sexual. E isso é uma grande mentira. O homossexualismo feminino passa mais despercebido pela sociedade, então, quando ele é mostrado, ainda mais por duas idosas, gera maior constrangimento", explica.
Já o psicólogo Roberto Patrus, professor da PUC Minas, apresenta um posicionamento diferente sobre a questão da idade. "O beijo de atrizes da terceira idade pode revelar para o telespectador um afeto que minimiza a discriminação sexual. Há pessoas que acharam o beijo bonito, afetuoso. Mas, por outro lado, algumas podem não se sensibilizar por isso. Enfim, não necessariamente o fato de serem atrizes da terceira idade aumenta o potencial discriminatório. Teria de se realizar uma pesquisa para levantar respostas mais precisas para essa questão", analisa.
Martha Elizabeth repudia a ação dos evangélicos em querer boicotar a novela. "Eles têm o direito de não concordar, mas em uma sociedade democrática, temos de aprender a conviver com as diferenças. É preciso respeitar o livre arbítrio e lutar pelo respeito uns dos outros", defende.