Os quatro integrantes do Skank, no show do Mineirão (da esq. para a dir.): Samuel Rosa, Henrique Portugal, Lelo Zanetti e Haroldo Ferreti - Foto: Diego Ruahn/DivulgaçãoMais de 50 mil pessoas lotaram o Mineirão na noite do último domingo (26/3) para reverenciar a banda mineira mais bem-sucedida de todos os tempos, já matando a saudade que fica. Cantar cada um dos sucessos e chegar às lágrimas em alguns momentos - especialmente quando Milton Nascimento, a mais bela voz da MPB, entrou no palco e cantou "Resposta" - são partes de minha história pessoal, que começou mesmo antes de o Skank surgir, lá atrás, ainda nos tempos do Pouzo (com Z mesmo) Alto. Por isso, estava lá, com três primos (Ana, Regina e Arnaldo) e éramos alguns desses milhares de fãs espalhados pelo Mineirão.
Nesses mais de 32 anos de trajetória da banda de Samuel Rosa, Lelo Zanetti, Henrique Portugal e Haroldo Ferretti, posso dizer, sem medo de errar ou de falsa modéstia, que me orgulho de ser testemunha/'madrinha' do nascimento do Skank. Muitos dos atuais fãs nem tinham nascido quando fiz a primeira matéria sobre um grupo que estouraria pouco tempo depois. Sim, fui a primeira jornalista do Brasil - eu era, então, repórter de Cultura do jornal "Diário da Tarde", o DT - a publicar um texto contando como Samuel e sua turma criaram o Skank, inspirados nos ritmos caribenhos que, na época, ecoavam na efusiva música pop nacional.
O momento de muita emoção na noite de domingo: Milton Nascimento, convidado especial, canta "Resposta" com o Skank - Foto: Diego Ruahn/DivulgaçãoTudo aconteceu quando, em fins de outubro de 1991, o produtor Fernando Furtado me ligou propondo fazer a matéria sobre a nova banda. Já acompanhava o Pouzo Alto e tinha feito algumas entrevistas com Samuel no mesmo DT. Levei a pauta ao editor Aníbal Penna e marcamos a entrevista com Samuel e Fernando. Fiz a matéria contando todos os detalhes, da escolha do nome ao repertório, e, quando saiu o primeiro disco, lançado de forma independente em 1993, meu nome estava lá nos agradecimentos.
Poucos dias depois da matéria publicada, eu receberia, na redação do jornal, um presente e um cartão autografado pelos quatro músicos, onde estava escrito: "A primeira matéria a gente nunca esquece". Não mesmo!
Foram muitas outras matérias, entrevistas, shows, discos e encontros ao longo de mais de 30 anos. Guardo na memória várias passagens bacanas de lugares como o antigo Janis, na avenida Getúlio Vargas, onde assisti ao primeiro show do Skank; Maxaluna, Serraria Souza Pinto, Independência, Expresso Canadá, Mineirão e, claro, Bar Nacional, que inspirou até a música de Chico Amaral, um dos maiores sucessos do grupo. Falar do Skank é como ver um longa-metragem de uma vida inteira. Ou ler um livro de "trocentas" páginas.
Samuel e Henrique diante de um Mineirão lotado: mais de 50 mil pessoas assistiram ao último show do Skank - Foto: Diego Ruahn/DivulgaçãoOs integrantes da banda agora partem para projetos pessoais. Mas, quem sabe nesses planos não caibam, no futuro, outras canções, shows, discos? O show de despedida - será? - foi pensado para não ser esquecido. De "Dois Rios", que abriu a noite, a "Simplesmente" e "O Beijo e a Reza", já no bis, a plateia inteira também cantou hits como "Uma Partida de Futebol", "Vou Deixar", "Te Ver" e "Vamos Fugir". E belas luzes de lanternas de celular coloridas, além de um espetáculo grandioso no palco, fizeram essa noite, que ainda vai render um DVD, ser ainda mais inesquecível. Porque o último show, Skank, a gente nunca esquece.
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