Revista Encontro

EVENTO

Festival Internacional de Teatro de BH comemora 30 anos

Nesta edição, o FIT celebra o teatro e a memória cultural da capital mineira

Da redação (com informações da PBH)
- Foto: Pixabay
O FIT BH comemora 30 anos de história com um mergulho profundo na memória cultural de Belo Horizonte a partir do tema "Teatro: Patrimônio Cultural - Pontes de Memória". A 16ª edição do Festival Internacional de Teatro Palco & Rua, realizada pela Prefeitura de Belo Horizonte, em parceria com o Instituto Odeon, acontece de 20 a 30 de junho. Ao longo de 11 dias, a cidade vai se tornar palco para o Teatro, reunindo centenas de artistas e profissionais das artes cênicas em Belo Horizonte.
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Além de jogar luz sobre as produções locais, nacionais e internacionais, o FIT BH gera inúmeras atividades econômicas na cidade e, nesta edição, conta com a participação de cerca de 195 artistas, 23 espetáculos, 53 apresentações e 350 profissionais da cultura envolvidos, além de 22 espaços públicos e privados.
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A primeira edição do FIT BH aconteceu entre 2 e 12 de junho de 1994, uma realização da  Prefeitura de Belo Horizonte, por meio do Teatro Francisco Nunes, e do Grupo Galpão. Desde então, o FIT alcançou uma excelente recepção junto à população belo-horizontina, indo ao encontro da forte vocação da cidade para o Teatro de Grupo e a experimentação artística. Sua importância para o cenário cultural da cidade foi reconhecida e, em janeiro de 2008, o FIT BH foi instituído como evento oficial bienal, através da Lei 9.517, passando a ser realizado pela Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Secretaria e Fundação Municipal de Cultura. Outra importante conquista para as Artes Cênicas aconteceu em dezembro de 2014, quando o Teatro de Palco e Rua de Belo Horizonte recebeu o título de Patrimônio Cultural Imaterial da cidade.
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Atualmente consolidado como um dos mais importantes festivais internacionais de teatro do país, essa edição faz um tributo ao Teatro, reconhecido pelo Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural do Município, inscrito no Livro de Registro das Formas de Expressão, por se tratar de manifestação cultural de relevante valor histórico, social e cultural para a cidade.
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O FIT BH 2024 envolverá a cidade em diversas atrações que ocuparão teatros, ruas e espaços alternativos da capital, com uma programação plural e descentralizada e inúmeras oportunidades de formação e reflexão. Com vínculo profundo com o território, a 16ª edição estará presente em todas as Regionais de Belo Horizonte, com ocupação de praças e ruas, espaços alternativos e teatros públicos e privados.  Serão apresentados espetáculos de rua e palco, atividades de formação e reflexão, oficinas, encontros, residência artística, lançamentos de livros, imersões, bastidores, críticas e muitas trocas e experiências únicas.
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Com programação diversificada, os ingressos para os espetáculos estão à venda a preços populares R$20 (inteira) e R$10 (meia-entrada), durante a pré-venda até o dia 14/6, na plataforma Sympla. Os espetáculos têm classificação etária indicativa conforme determinação do Ministério da Justiça. As atividades formativas, reflexivas e os espetáculos de rua são gratuitos e de livre acesso a todos. A programação está disponível no site portalbelohorizonte.com.br/fit.
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O Festival Internacional de Teatro Palco & Rua de Belo Horizonte tem espetáculos que contam com a correalização da Fecomércio MG, por meio do Sesc em Minas, e apoio da Funarte MG, Instituto Cervantes e Centro Cultural Banco do Brasil de Belo Horizonte, além do apoio da Universidade Federal de Minas Gerais em algumas ações reflexivas.
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Linguagens diversas

Neste ano, a abertura do FIT BH segue a tradição de edições passadas, em que artistas e público se encontram nas ruas da capital mineira. Social, casual e transcendente. Assim é Papers! (Espanha), da companhia valenciana Xarxa Teatre, espetáculo escolhido para dar início à jornada do FIT. A apresentação acontece na Funarte, na quinta-feira (20), a partir das 19h30. Trata-se de uma montagem performativa e imagética que busca provocar reflexão no espectador a partir de cenas que transitam entre o absurdo, o inimaginável e o real. Na trama, um grupo de imigrantes chega a um novo país, onde a esperança é frustrada pelas normas e papéis que a sociedade lhe impõe. Um espetáculo de rua com ares de tragicomédia, em que há espaço para o drama, mas também para o sarcasmo e o humor.
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Ainda entre os internacionais, o Festival traz os chilenos "La Cocina Pública" - que envolve performance e gastronomia com participação da plateia e da comunidade local, e "Ñuke" - que aborda, com a presença em cena de intérpretes indígenas, a violência sofrida pelo povo Mapuche, durante a ditadura chilena. O público tem acesso também a oito trabalhos nacionais vindos dos estados do Amazonas, Rio de Janeiro, São Paulo, Maranhão, Ceará, Rio Grande do Sul e Bahia e ainda 12 espetáculos da cena local, selecionados via chamamento público.
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Nesta edição, importantes nomes da cena teatral mineira estão presentes no Festival, e são parte constitutiva da memória das artes cênicas de Minas e do Brasil. São convidados especiais do FIT BH a diretora Ione de Medeiros (MG), e seu premiado "Vestido de Noiva"; a artista Zora Santos, com "O fim é uma outra coisa" (SP) e Eid Ribeiro, com "Fim de Partida" (MG).
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A Secretária Municipal de Cultura, Eliane Parreiras, destaca que realizar o FIT BH é confirmar a vocação de Belo Horizonte para as artes da cena. "Em 1994, foi criado um dos maiores festivais do país, que joga luz sobre a produção local, mas incentiva o diálogo com produções nacionais e internacionais, criando oportunidades únicas de acesso à cultura e formando gerações de público para o teatro. O FIT e a cidade têm forte vínculo e suas edições estão cravadas na memória cultural da cidade. Há 10 anos, a Prefeitura de Belo Horizonte reconheceu o Teatro como patrimônio imaterial da cidade e o FIT é parte desse movimento. Ao longo de uma trajetória consistente, o FIT BH se tornou parte essencial da política pública de cultura do município, ocupando espaços públicos, fortalecendo a cena e a produção teatral local. Garantimos, assim, a democratização e a ampliação do acesso aos bens culturais em uma cidade que pulsa com a energia criativa do Teatro", comemora.
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"Uma cidade que incentiva suas expressões culturais e a produção artística está comprometida com sua própria história e de sua gente. Conhecer a memória cultural de nossa cidade nos faz valorizar as raízes, assim como nos conecta com outras possibilidades de narrativa e caminhos estéticos, forjados no presente", destaca Carlos Gradim - presidente e fundador do Instituto Odeon, instituição que começa sua trajetória no fim da década de 1990 como Grupo de Teatro. "Por acreditar na vocação de BH para o teatro de grupo e para a experimentação artística desde sempre, há duas edições seguidas o Instituto Odeon segue contribuindo para a construção da memória cultural da cidade ao realizar, em parceria com a PBH, o Festival Internacional de Teatro. Este ano o FIT BH devolve para a cidade sua memória, tanto aquela expressa pela tradição como aquela que ainda não é contada pela história oficial", celebra.
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Memória, tradição e invenção

Com o tema "Teatro: Patrimônio Cultural - Pontes de Memória", o Festival volta ao passado para reviver e celebrar o reconhecimento do Teatro como Patrimônio Cultural Imaterial de Belo Horizonte. A partir desse recorte, a curadoria formada pelo ator, diretor e dramaturgo Assis Benevenuto, a atriz e crítica teatral Soraya Martins e a atriz, performer, professora e gestora cultural Tina Dias, propõe uma seleção de trabalhos que acessam tanto a memória ligada à tradição e ao passado, quanto a memória como invenção, construída no presente.
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"Sabendo que o direito a ter memória está diretamente relacionado com as relações de poder, saber e ser, é preciso olharmos com criticidade as memórias coletivas que permeiam nosso imaginário social, cultural, artístico e estético, comenta a curadora Soraya Martins.
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Nesse sentido, Tina Dias acrescenta: "interessa à curadoria pensar a memória como invenção, como ferramenta para desconfiar de histórias e imagens icônicas, desarmar certezas mais do que oferecer verdades. Quais memórias que não devem jamais ser esquecidas, o teatro pode inventariar?", reflete.
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Sobre a seleção das obras para a 16ª edição, o curador Assis Benevenuto comenta: "consideramos trabalhos implicados na ‘retessitura' da memória sociocultural brasileira de agora, com a presença de múltiplas culturas, visões de mundo, geografias, corpos, espacialidades, vozes e subjetividades, reconfigurando não somente as memórias sociais, mas também a própria ideia de teatro", explica.
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Destaques da programação

Entre os 23 espetáculos selecionados, destaque para os internacionais. Na abertura, o espanhol "Papers!", espetáculo de rua provoca reflexões no espectador através de imagens que navegam entre o absurdo, o inimaginável e o real. Entre a tragicomédia, o sarcasmo e o drama, os personagens satirizam os conflitos que o poder e o dinheiro geram na sociedade atual, com uma estética fiel ao estilo que tornou a companhia valenciana Xarxa Teatre conhecida nos festivais de rua de todo o mundo.
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Em "Ñuke" (mãe em mapuzungun), realizado por intérpretes indígenas, aborda as violências sofridas pela família Mapuche que resiste à dor de ter seu filho mais velho acusado e encarcerado por terrorismo. Em cena, a plateia entra em contato com canções executadas ao vivo, típicas da etnia, localizada no Centro-Sul do Chile. Escrito por David Arancibia, o trabalho foi apresentado em Londres no marco de 40 anos do Golpe de Estado chileno. Outro Chileno, "La cocina pública" não é apenas um espetáculo. É uma jornada interativa que celebra o poder da comida como um meio de conexão e diálogo. Através de uma envolvente mistura de performance, gastronomia e participação comunitária, a performance explora questões culturais, sociais e conviviais, convocando o público a uma fusão incomparável de sabores e afetos.
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Da cena nacional serão apresentados trabalhos de sete estados brasileiros: "As cores da América Latina" (AM), "O Fim é uma outra coisa" (SP), "Ubu Tropical" (RS), "Azira'i" (RJ), "CÁRCERE ou porque as mulheres viram búfalos" (SP), que conta com correalização da Fecomércio MG, por meio do Sesc em Minas, e "Lança Cabocla" (MA), "Vamos Pra Costa?" (BA), "Poeira" (CE). Vencedor do 34º Prêmio Shell de Teatro, o espetáculo amazonense "As Cores da América Latina" está entre os destaques da mostra nacional. O trabalho é inspirado corporal e visualmente em três manifestações da tradição latino-americana: Fiesta de la Tirana (CHI), Huaconada (PER) e Cavalo-Marinho (BRA) em intersecção com a dança e o teatro. A visualidade da obra faz uso de cores vibrantes e de seis máscaras de "Fofão", personagem do Carnaval Maranhense (BRA) simbolizando o esquecimento que as tradições latinoamericanas atravessam.
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Outro trabalho que chama a atenção é "O Fim é uma outra coisa" (SP), com idealização e atuação da atriz veterana Zora Santos. Pesquisadora da culinária afromineira e cozinheira, Zora conduz o público a uma viagem de sabores, cheiros e sons através do espaço-tempo. Um encontro performático em torno do ato de cozinhar e comer junto, onde seus saberes alquímicos e ancestrais sobre o uso dos alimentos com influências dos povos indígenas e negros, são contrastados pelo passado e o presente de um Brasil colonial. Em cena, ervas, facas, um panelão e uma colher de pau. Embora a mistura nunca esteja suficientemente pronta, será oferecida para quem quiser se alimentar. E, no entanto, este não será o fim.
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Apesar das enchentes, o grupo gaúcho Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz marca presença com "Ubu Tropical" (RS). O coletivo representa a memória viva do teatro nacional, sendo um dos grupos de teatro de rua mais antigos e tradicionais do Brasil. Nesse espetáculo, com encenação provocativa, o trabalho apresenta as peripécias do grotesco Pai Ubu, símbolo do cinismo e da destruição. Inspirados por Alfred Jarry, os bufões do grupo narram as atrocidades desse personagem, lançando um olhar crítico sobre eventos contemporâneos, em diálogo com o Tropicalismo e a Antropofagia. "Ubu Tropical" é uma reflexão contundente sobre política e poder.
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O cearense "Poeira", espetáculo do Grupo Ninho, é outro ponto alto da programação. Criado a partir dos princípios da mímesis corpórea sob condução do diretor Miguel Zapata (Grupo Yuyachkani), o espetáculo conta através das memórias de Mestres Populares da Tradição Cariri, traços de nossa construção cultural, nossa terra-raiz e quais são as Poeiras que a compõe. O trabalho nos leva a reflexão: com acesso ampliado a múltiplas referências culturais, deixamos por vezes de olhar para as nossas próprias.
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Já a Mostra Local do Festival é composta por : "Andanças Urbanas" (Cia Ananda); "A Velha Venda Nova" (Cóccix Companhia Teatral); "Bagunça" dirigido por Marina Viana; "Desimportâncias" (Insensata Cia. de Teatro); Elefanteatro (Pigmalião); "%u018Ex-Imagination", com dramaturgia da slammer Nívea Sabino e a performer Michelle Sá; "Fim de Partida", de Samuel Beckett com direção de Eid Ribeiro, em celebração a seus 80 anos; "Memorada", texto de Raysner de Paula, com direção de Júlia Camargos; "Os Orixás" (Grupo Giramundo), "Prelúdio a Ismael Ivo", ritual de celebração com concepção de Anderson Feliciano e Evandro Nunes; "querença" (Breve Cia.) e o premiado "Vestido de Noiva" (Oficina Multimedia), que recebeu o prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de melhor direção para Ione de Medeiros e indicação ao 34º Prêmio Shell (2024), na categoria Destaque Nacional.
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Projetos especiais

A 16ª edição do FIT BH promove diversas ações gratuitas de formação e reflexão. Estão previstas as oficinas "Workshop Palestra sobre Produção, Gestão, Carreira" com Heloísa Marina (UFMG) e Simone Sigale (Coletivo Mulheres da Quebrada), a "Oficina de dramaturgia" com Gabriel Cândido (SP) e a oficina "Focada em atuação (memória, arquivo, ancestralidade)" com Tieta Macau (MA). Será oferecida também residência artística com o diretor, ator e dramaturgo Vinícius de Souza.
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Também será oferecida experiência ao público para presenciar os bastidores da criação de um espetáculo. Em "Desmontagem: espetáculo local com Prelúdio à Ismael Ivo (BH), os artistas propõem à plateia uma apresentação performática que desvela o processo criativo de um trabalho teatral.
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FIT-BH

Desde a sua criação em 1994, o FIT-BH conquistou espaço no calendário cultural de Belo Horizonte. Em 30 anos e 15 edições, o festival recebeu companhias e artistas de 45 países e ofereceu ao público belo-horizontino espetáculos com linguagens e formatos diferentes, que ocuparam diversos teatros, espaços públicos e alternativos da capital. O FIT BH valoriza a difusão, a formação, a reflexão e o intercâmbio cultural, garantindo o fomento e a fruição dos trabalhos artísticos, além de contribuir para impulsionar a reestruturação da economia cultural da cidade. Para o FIT BH 2024, a Prefeitura de Belo Horizonte terá como parceiro realizador o Instituto Odeon, selecionado por meio de chamamento público.

FIT BH 2024

Data: 20 a 30 de junho de 2024
Local: vários pontos da cidade
Ingressos: entre R$ 15 e R$ 30, por meio do Sympla
Programação completa e mais informaçõesportalbelohorizonte.com.br/fit
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