O programa abre com Gil Refazendo. Com 40 minutos de duração, o espetáculo inspirado na música de Gilberto Gil passeia por temas brasileiros e ancestrais, com a coreografia de alta intensidade, assinada por Rodrigo Pederneiras. Após intervalo de 20 minutos, os bailarinos voltam ao palco para um novo encontro entre África e Brasil, desta vez encabeçado pela música de João Bosco com Benguelê, balé que possui 41 minutos de duração.
. Grupo Corpo em 'Gil Refazendo' e 'Benguelê'
Onde: Cine Theatro Brasil
Endereço: Av. Amazonas, 315, Centro
Data: 5 a 8 de dezembro
Horário: quinta, sexta e sábado às 20h; domingo às 18h
Ingressos: R$ 39,80 (inteira) e R$ 19,90 (meia)
Vendas: www.eventim.com.br
. Sobre os espetáculos:
Gil Refazendo (2022)
- Coreografia: Rodrigo Pederneiras
- Música: Gilberto Gil
- Cenografia e iluminação: Paulo Pederneiras
- Figurino: Freusa Zechmeister
- Duração: 40 minutos
A trilha especialmente criada por um dos papas da música popular brasileira, Gilberto Gil, chegou às mãos de Paulo e Rodrigo Pederneiras em 2019. E ganhou sua primeira tradução cênica - Gil. Três anos depois – com a pandemia do Covid-19 no meio -, a música voltou ao palco em uma nova encarnação, no espírito de renovar, reconstruir, rever, reviver. Refazer. “É um novo espetáculo”, diz o diretor artístico da companhia, Paulo Pederneiras. O nome ganhou o aposto: Gil Refazendo. Assim como a música de Gilberto Gil, que se ergue na releitura de temas famosos do compositor baiano, o balé foi reconstruído. Inteiro.
. A cenografia se apoia numa imagem de fundo em milimétrico movimento. “São imagens em zoom de girassóis que lentamente voltam à vida”, conta Paulo Pederneiras. Vestidos de linho em tom cru – moças de camisa sobre uma malha de duas peças, rapazes de calça e camisa de corte casual - os bailarinos dançam sob a luz “branca e simples”, diz Paulo. Na música, surgem frases e temas de canções de Gilberto Gil - retrabalhadas, mas perfeitamente reconhecíveis nas suas variações, sobre tambores ancestrais, distorções do aparato eletrônico, afoxé, modinha, berimbau e um naipe de sopros de pegada jazzística.
. Benguelê (1998)
- Coreografia: Rodrigo Pederneiras
- Música: João Bosco
- Cenografia: Fernando Velloso e Paulo Pederneiras
- Figurino: Freusa Zechmeister
- Iluminação: Paulo Pederneiras
- Duração: 41 minutos
Negro, árabe, indígena; popular e erudito; oceânico e desértico. E intenso. A peça musical de João Bosco, artista mineiro e universal como é o Grupo Corpo, transita pela miscigenação amorosa do Brasil a partir do jongo eternizado em 1965 por Clementina de Jesus (a canção 'Benguelê', de Pixinguinha e Gastão Vianna), que surge em arranjo a capela.
. São onze temas especialmente criados (ou recriados) por Bosco, iluminados pela Mãe África e enriquecidos pelas influências cruzadas em uma festa brasileira. A saudade do chão natal, porém – o banzo – é uma origem possível da palavra que dá título ao balé: a fusão de Benguela, região situada ao sudoeste de Angola, com o fonema lê – em quimbundo, nostalgia, saudade.
. O sentimento do banzo, melancólico e ao mesmo tempo enérgico, preside a trilha de Bosco. A música negra de raiz, produzida pelos descendentes de escravizados no Rio de Janeiro – é evocada em Tarantá, Carreiro Bebe e, principalmente, em Benguelê. Pixinguinha é citado também, com trechos de 1 x 0 (inspiração do choro-goleada) e de Urubu Malandro.
Se nos primeiros três quartos do espetáculo, o rito afro, o jogo de roda, a quadrilha, os cortejos e as danças dos devotos se misturam, no palco e nos ouvidos, o final é pura festa, com a coroação do Rei do Congo explodindo em cores e alegria.
.