Estado de Minas MOSTRA DE TIRADENTES

Bruna Linzmeyer diz se sentir em 'uma grande festa de aniversário'

Homenageada da Mostra de Tiradentes deste ano, atriz recebeu o Troféu Barroco das mãos de seus pais durante a abertura da mostra de cinema mineira


postado em 26/01/2025 15:09 / atualizado em 27/01/2025 10:58

(foto: Leo Lara/Universo Produção/Divulgação)
(foto: Leo Lara/Universo Produção/Divulgação)
Escorpiana, Bruna Linzmeyer completa 33 anos daqui a pouco menos de 10 meses, em 11 de novembro. Apesar da data ainda distante, foi um clima de festa de aniversário que a atriz encontrou na Mostra de Cinema de Tiradentes, que em sua 28ª edição, a homenageou com o Troféu Barroco por sua trajetória no cinema brasileiro. A honraria foi entregue a ela na noite de sexta-feira (24), durante a cerimônia de abertura do evento, que tradicionalmente inaugura o calendário do audiovisual brasileiro, pelas mãos de seus pais, Gerson Linzmeyer e Rosilete dos Santos.

"Gostaria de agradecer aos meus pais por acreditarem nas minhas estranhezas e na magia no mundo. Estou me sentindo em uma grande festa de aniversário. Recebo essa homenagem como um carinho para continuar nesse caminho", discursou a artista com o troféu em punho para uma plateia que lotou a cine-tenda, principal espaço montado na cidade histórica mineira para receber o evento, que, neste ano, tem como tema a pergunta "Que cinema é esse?". Uma provocação que ressoou também na homenageada: "Somos muitos cinemas. Somos um país imenso, com gente de todo tipo, de muita história, de todos os cantos".

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No palco, no momento em que recebia o tributo, Bruna ainda foi acompanhada por amigos e parceiros no fazer cinematográfico, como Marcelo Caetano, com quem rodou o premiado "Baby", e Neville d’Almeida, que a dirigiu em "O vento frio que a chuva traz" - ambos os filmes integram a programação da mostra, no eixo "homenagem", que apresenta um mosaico de filmes com participação da homenageada, possibilitando uma visão em perspectiva de sua história no cinema. O que, até para ela, resultou em surpresa: "É meio louco, porque eu nunca vivi isso antes. E é muito emocionante... É muito bonito olhar essa linha do tempo. Fico orgulhosa, com vontade de seguir trabalhando, fiel às minhas escolhas meio esquisitas, meio desviantes, mas seguir com essa intuição e desejo".

Essa percepção de um caminhar cinematográfico errante, não linear, quase estranho e um quê desencaixado é repisada por Bruna sempre que convidada a olhar para a própria trajetória. Uma sensação que reflete as escolhas pouco óbvias da atriz, conhecida nacionalmente por seus papeis na televisão – no mais recente, viveu Madeleine, personagem da primeira fase da novela "Pantanal", exibida pela Globo em 2022.

Para ela, essa popularidade alçada por trabalhos em telenovelas, gênero mais consumido no país, não se impõe como uma barreira a escolhas ousadas no cinema. Afinal, suas realizações nesta seara estão alinhadas a um outro tipo de interesse, que ela classifica como de um interesse de pesquisa alimentado pelo amor que devota à Sétima Arte. Um estudo que faz também como espectadora. "Eu venho a festivais, como o de Tiradentes, para ver o que está sendo feito, porque me interesso por esses realizadores e realizadoras, quero saber o que eles estão pensando sobre o mundo", avalia.

"Já como atriz, participar dessa história é participar do registro histórico que vai ficar", prossegue.

Guiada pela intuição, ela se entrega a projetos liderados por figuras já reconhecidas e respeitadas no meio, como Cacá Diegues, um dos fundadores do Cinema Novo, com quem rodou "O Grande Circo Místico", e Neville D’Almeida, e também àqueles encampados por representantes de uma nova leva de realizadores.

"Eu vou fazer o primeiro filme de ficção da Mayara Santana (a diretora e roteirista participou de uma mesa de debate sobre a trajetória da atriz homenageada durante a mostra). Eu fiz o primeiro longa de ficção da Cíntia Domit Bittar (ela se refere a ‘Virtuosas’, terror ambientado em Santa Catarina, que está em fase de finalização). Dessa maneira, me sinto um pouco testemunha dessas diretoras, da emoção de fazer um primeiro filme", exalta.

Além dos longas, Bruna também faz questão de trafegar pelo universo dos curta-metragem. "Eu tenho um carinho muito especial por ‘Uma Paciência Selvagem Me Trouxe Até Aqui’ (Éri Sarmet, de 2021, exibido na mostra). Foi um marco pra mim, foi quando trabalhei com Éri, que se transformou em uma grande parceira minha nesse cinema queer, desviante, provocativo, que conta uma história que só acontece, só é possível nesse cenário dos curtas, que me interessam muito porque tem muitas histórias que estamos contando ali e que nossas políticas públicas alcançam, por enquanto, ali", assinala.

Não que essas escolhas sejam meramente aventureiras, tanto que Bruna compara o ato de começar a fazer um filme novo ao de se apaixonar. "Você só se apaixona porque se esquece como dói sofrer de amor. E fazer um filme novo é meio assim, dá muito medo. Me sinto num certo pântano no começo, sem saber onde vou me apoiar. E depois as coisas vão acontecendo", sugere.

Agora, ela experimenta essa sensação por outra perspectiva: ela está escrevendo o roteiro de um longa-metragem de ficção, o seu primeiro proveito por trás das câmeras. Para o título da obra não biográfica, como ela frisa, escolheu o nome de sua cidade natal, Corupá, no interior de Santa Catarina, que servirá de locação para as filmagens.

A Mostra de Cinema de Tiradentes segue acontecendo na cidade histórica mineira até 1 de fevereiro. Confira programação em mostratiradentes.com.br

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