Se o sonho de todo jogador de futebol é ser convocado para a seleção de seu país, o topo da carreira dos árbitros é carregar o escudo da Fifa em seu uniforme, afinal, isso os credencia a trabalhar em jogos internacionais, incluindo a Copa do Mundo, além de garantir um aumento no valor que recebem por seu trabalho, mesmo em partidas nacionais. "Sempre sonhei com isso. Me preparei e me dediquei para essa oportunidade, mas foi uma grande surpresa acontecer esse ano", comemora Fernanda Nandrea, em entrevista à Encontro.
Aos 28 anos de idade, a assistente já possui oito de carreira. Assim como ocorre com a maioria dos brasileiros, a paixão pelo futebol surgiu na vida de Fernanda Nandrea bem antes disso. Ela começou mostrar admiração pelo esporte ainda na infância, incentivada pelo pai, a ponto de acompanhá-lo nas "peladas" de final de semana.
E foi num desses jogos recreativos que a profissão bateu em sua porta. "Meu pai e os amigos me chamaram para apitar uma partida deles. Ao final, me disseram que fui muito bem na função e me incentivaram a fazer um curso de arbitragem. Segui o conselho e amei! Desde então, não parei mais", conta a árbitra assistente da Federação Mineira de Futebol e, agora, também da Fifa.
Apesar de já ter sido comunicada da promoção ao quadro de árbitros internacional, ela só passará a ostentar o escudo da entidade máxima do futebol a partir de 1º de janeiro de 2020.
A mineira admite que ainda não sabe tudo o que mudará em sua vida com a subida de patamar na carreira, mas tem a consciência da pressão que é ser uma árbitra Fifa: "Com isso, sei que virão grandes responsabilidades. Vou me dedicar, estudar e treinar mais, para sempre estar em alto nível", garante Fernanda Nandrea.
Assédio e machismo
Não é só no Brasil. No mundo todo, a mesma história se repete: ao ver uma ou mais mulheres integrando a equipe de arbitragem de um jogo de futebol, muitos torcedores reverberam a cultura machista ainda muito presente na sociedade.
Nos jogos, não é raro ver alguém xingando árbitras e assistentes utilizando palavras que jamais seriam dirigidas a homens. Ou seja, os xingamentos ocorrem pelo único motivo de serem do sexo feminino. Outro problema recorrente para mulheres que trabalham com o futebol é o assédio.
Fernanda Nandrea diz que procura fortalecer bastante o lado psicológico para que isso não afete sua profissão e sua vida: "Assédio e preconceito são duas coisas entristecedoras e revoltantes. Escutamos de tudo dentro do campo. Por isso, é necessário ter um alto nível de concentração no jogo para que tudo passe despercebido. Já não me afeta mais", afirma ela lembrando que, desde o começo da carreira, aprendeu a ignorar esse tipo de situação. "Lógico que gostaria de nunca mais ouvir essas coisas, mas sabemos que tudo vem de uma cultura errada", completa.
Como os árbitros chegam à Fifa?
Não é possível um árbitro se candidatar a esse cargo. Frequentemente, esses profissionais passam por testes físicos e avaliação de seus trabalhos nos jogos. No caso do Brasil, isso é analisado pelas comissões de arbitragem estaduais e pela CBF. Os que obtem os melhores resultados são indicados à Fifa pela Comissão Nacional de Arbitragem e, deste modo, podem passar a integrar o quadro internacional.
Mas é preciso manter o bom desempenho para seguir trabalhando com o escudo da entidade máxima do futebol, pois os árbitros que o possuem podem perdê-lo caso seu desempenho não seja mais satisfatório.
Veja imagens da carreira de Fernanda Nandrea:
- Foto: Arquivo pessoal
- Foto: Arquivo pessoal
- Foto: Arquivo pessoal
- Foto: Arquivo pessoal
- Foto: Arquivo pessoal
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Veja imagens da carreira de Fernanda Nandrea: