Flores, folhas e raízes têm propriedades que conseguem ser extraídas quando imersas em água quente. De acordo com a nutricionista Adriana Pazzini, do Conselho Regional de Nutrição, é preciso ter cuidado para não se perder o princípios ativos das ervas. "As folhas não suportam a temperatura de ebulição, portanto, não se deve deixar a água ferver. O ponto ideal é quando começam a surgir bolinhas no fundo do bule. Nesse momento, coloque a água por cima das folhas, na xícara, e não contrário", ensina a especialista. Esse processo é chamado de infusão, e vale tanto para as folhas frescas quanto para as desidratadas.
Ainda segundo Adriana, a procedência das ervas também é fundamental para que o chá tenha efeito. Os sachês industrializados, por serem processados em máquinas e armazenados em papel (sem transparência), não há como garantir que o produto contenha 100% da planta pura, e que não tenha havido alguma contaminação. O ideal é comprar as folhas em mercados e casas especializadas, em que é possível ver o produto que se está adquirindo. Melhor ainda se for colhida fresca no próprio quintal, como era feito por nossas vovós.
Para se aproveitar ao máximo as propriedades do chá, o mais correto é prepará-lo no momento do uso, já que as substâncias naturais presentes nos vegetais são muito delicadas e podem sofrer degradação em curto prazo. "Colocar o chá na geladeira pode até retardar, mas não evita a perda dos princípios ativos. Se for consumir o chá gelado, é bom submeter a planta a algum tipo de aquecimento antes. Extrair os nutrientes da planta usando água fria não é eficiente", explica Maria das Gracas Lins Brandão, professora de farmácia da UFMG e coordenadora do centro especializado em Plantas Aromáticas, Medicinais e Tóxicas.
Todo cuidado é pouco, já que alguns chás de uso popular podem ser tóxicos, como o confrei. Segundo a professora, essa planta possui alcaloides que podem causar danos irreversíveis ao fígado. "Esta planta só deve ser usada por via tópica. Várias ervas causam danos aos rins, como a folha da carambola e a milomens ou papo de peru. Elas contêm substâncias que destroem o néfron e comprometem completamente as funções renais. Algumas, usadas como diuréticas, como a cavalinha e a caninha de macaco, apresentam elevado teor de oxalatos, podendo também ser nefrotóxica ", afirma.
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