Segundo a veterinária Lilian Teixeira, professora de Inspeção e Tecnologia de Pescado da UFMG, é praticamente impossível notar as diferenças entre os peixes, principalmente quando são vendidos sob forma de filé congelado. A troca pode ser por uma questão de má fé ou até mesmo por falta de conhecimento. "Antigamente, o polaca do alasca era conhecido como merluza do alasca. O nome científico é Theragra chalcogramma. Porém, a merluza corresponde a outra espécie", explica a especialista.
A professora não vê motivos econômicos para as trocas nos supermercados. Segundo ela, o preço dos peixes é parecido. No entanto, ela confirma que a merluza é mais disponível na natureza e tem menos aceitação no mercado se comparada ao polaca do alasca. "Este é mais atraente para o consumidor. A merluza é mais comum. É uma questão de status, mas com uma diferença econômica muito pequena", afirma Lilian.
Ela ressalta que o nome popular pode variar. Alguns estabelecimentos podem se referir ao Theragra chalcogramma como merluza do alasca ou polaca do alasca, mas, o importante é o consumidor estar atento ao nome da espécie, que deve ser indicado pelo supermercado. O gosto dos peixes também é parecido, porém, a merluza tem o sabor e o cheiro um pouco mais fortes.
Fraudes recorrentes
O polaca não é o único exemplo. A professora da UFMG conta que uma fraude muito comum é em relação ao hadoque, peixe marinho que pode ser encontrado nas regiões costeiras do oceano Atlântico e tem alto valor comercial. Uma pesquisa realizada na Noruega mostrou que 80% dos estabelecimentos vendiam peixes similares ao hadoque, para "enganar os consumidores".
Outro caso recorrente envolve o surubim. Lilian realizou um estudo em Belo Horizonte há três anos e constatou que todos os filés que supostamente eram vendidos como surubins, na verdade, tratavam-se de outros peixes.