Estado de Minas PESQUISA

Pesquisadora usa orégano para substituir aditivos químicos em carnes

A erva, muito popular nas pizzas, se mostrou tão eficaz quanto o BHT


postado em 31/05/2016 09:08

Segundo a pesquisa da USP, o orégano se mostrou tão eficaz na conservação de produtos cárneos quanto o aditivo químico BHT(foto: Pixabay)
Segundo a pesquisa da USP, o orégano se mostrou tão eficaz na conservação de produtos cárneos quanto o aditivo químico BHT (foto: Pixabay)
O extrato natural de orégano é um eficiente antioxidante que pode ser utilizado em produtos à base de carne, tornando-os mais saudáveis. A constatação vem de experimentos realizados por pesquisadores da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) da USP, em Pirassununga (SP). No estudo, o extrato foi usado em produtos criados com carne de carneiro, substituindo os aditivos químicos BHT (butil-hidroxi-tolueno e eritorbato de sódio). "Esses aditivos são usados em produtos cárneos e na indústria alimentícia, em geral, como conservantes e antioxidantes. Mas, o extrato de orégano conseguiu efeitos equivalentes", descreve a médica veterinária Rafaella de Paula Paseto Fernandes, pesquisadora da FZEA.

Depois de testar diversas ervas e especiarias para a substituição dos aditivos químicos, como hortelã, açafrão e alecrim, entre outras, Rafaella selecionou o orégano, que mostrou grande potencial antioxidante. Em parte dos experimentos, a médica veterinária confeccionou hambúrgueres com carne de ovelha descartada pelo comércio. Ou seja, de animais normalmente com mais de seis anos que são descartados dos sistemas de produção. "Em geral, a carne deste tipo de animal, já considerado velho, apresenta sabor mais pronunciado e uma textura mais rígida, o que dificulta a comercialização in natura dos cortes", descreve a pesquisadora. Além da substituição do aditivo químico, Rafaella também pretende, com os resultados positivos, incentivar o consumo da carne ovina (carneiro e ovelha), que não é tão comum no Brasil.

Antes da aplicação do extrato, a planta passou por etapas de preparação: trituração; agitação; centrifugação; filtração; concentração; liofilização (secagem); e, finalmente, a ressuspensão do produto em água. "Esta última etapa foi necessária visto que aplicamos o extrato na forma líquida para a elaboração dos produtos cárneos", conta Rafaella Fernandes.

Constatação

Após obtenção do extrato, a médica veterinária verificou a eficácia do antioxidante natural a partir de sua aplicação em diferentes sistemas: hambúrguer congelado cru, linguiça cozida e hambúrguer refrigerado sob atmosfera modificada. A pesquisadora comparou três grupos de hambúrgueres para verificar a estabilidade durante armazenamento por 20 dias. No primeiro conjunto de amostras não foi aplicado nenhum tipo de aditivo, químico ou natural (extrato de orégano). No segundo conjunto, a pesquisadora aplicou o BHT numa concentração de 50 partes por milhão (ppm). No terceiro grupo foi usada a quantidade de mil ppm, que, de acordo com a concentração do extrato, corresponde a 3,5 mililitros (ml) para cada quilo de massa cárnea. "Os testes comprovaram, de fato, que o extrato do orégano é tão eficiente quanto o BHT", comemora Rafaella.

Segundo a pesquisadora da FZEA, não houve diferença na contagem de microrganismos viáveis totais e bactérias ácido láticas, na comparação entre os dois aditivos ao final da estocagem. "Além disso, após 20 dias de armazenamento, o extrato mostrou similar capacidade de inibição em relação à oxidação lipídica e proteica", conta. E para complementar os resultados, os produtos também foram submetidos a uma análise sensorial em que 14 provadores, devidamente treinados, avaliaram os hambúrgueres sob diversos aspectos. "Foi constatado que o hambúrguer contendo extrato natural manteve sua qualidade sensorial e apresentou boa aceitação em até 15 dias de armazenamento".

(com Agência USP)

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