
A pesquisa foi comandada pelo enfermeiro Moses Murandu. Sua equipe descobriu que o açúcar pode ter um importante papel no processo de cicatrização. A ideia não é nova. Em entrevista para a rede de TV britânica BBC, Moses revela que, quando era pequeno, usava o ingrediente em machucados. Além disso, estudos como esse vêm sendo feitos há 30 anos. A diferença é que, agora, o açúcar está sendo investigado como um protagonista nos cuidados hospitalares, evitando o uso excessivo de antibióticos – atitude que pode levar ao surgimento das "superbactérias".
Os cientistas da Universidade de Wolverhampton comprovaram que, quando colocado diretamente sobre a lesão e coberto por uma compressa, o açúcar cria um habitat úmido perfeito para que surjam bactérias oportunistas. Porém, os micróbios potencialmente perigosos acabam prefirindo consumir os doces cristais ao invés da própria ferida. Com isso, o processo de cicatrização é acelerado e se evita o aparecimento de uma infeção.
De acordo com a BBC, o resultado inesperado obtido por Moses Murandu fez com que o cientista conquistasse um prêmio da revista científica Journal of Wound Care, especializada em estudos sobre ferimentos. Agora, a expectativa é de que o Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido passe a recomendar o açúcar, que é bastante acessível, em sua lista oficial de cuidados médicos indicados no tratamento de feridas na pele.
"Doce" cicatrização
Vale lembrar que o açúcar não é o primeiro ingrediente doce a ser reconhecido como um "medicamento" natural para machucados. Em 2007, pesquisadores do Hospital Internacional Beit Cure, que fica em Malaui, na África, avaliaram a eficácia do mel no tratamento de feridas abertas.
De acordo com a investigação, o uso do produto elaborado pelas abelhas melhorou a cicatrização em 23% num prazo de uma semana, enquanto o açúcar melhorou a cura da ferida em 39% no mesmo período.
Contudo, no que diz respeito à redução do número de bactérias na área do ferimento, evitando uma possível infecção, o estudo africano defende que o mel é mais eficaz do que o açúcar. Além disso, o produto das abelhas torna o processo de cicatrização menos doloroso do que o da cana.