Revista Encontro

Ingrediente

Cervejaria começa a produzir bebida com lúpulo mineiro

Ingrediente foi cultivado na cidade de Rio Espera, na Zona da Mata mineira

Da redação com assessorias
Água, malte, lúpulo e fermento.
Esses são os ingredientes básicos de uma boa cerveja artesanal. O problema é que, normalmente, as cervejarias costumam importar o malte e o lúpulo, que são típicos de países mais frios, como Europa e Estados Unidos. De forma inédita, a cervejaria Loba, da cidade de Santana dos Montes, em Minas Gerais, usou lúpulo totalmente cultivado no estado para produzir 100 garrafas de cervejas artesanais. O teste foi acompanhado por pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa (UFV) e do Centro Universitário de Belo Horizonte (Uni-BH).

A primeira colheita de lúpulo cultivado na cidade de Rio Espera, na Zona da Mata mineira, foi utilizada pela Loba para a produção de 500 litros da cerveja Mantiqueira Experimental Beer. Segundo a empresa, a bebida ainda não possui um estilo definido e, após 21 dias, ela estará pronta para consumo e será analisada pelos profissionais envolvidos na produção. Caso o resultado seja satisfatório, então, a nova cerveja será comercializada nas prateleiras dos supermercados. O lúpulo é da espécie Mantiqueira BRK2014, originária da Serra da Mantiqueira, no estado de São Paulo, e que é patenteada pela cervejaria holandesa Heineken.

Para Aloísio Rodrigues Pereira, proprietário da Loba, a ideia é incentivar as pesquisas que estão sendo desenvolvidas com o lúpulo mineiro, que tem as vantagens de ser um ingrediente fresco.
"Teremos um lúpulo mais fresco, que pode conservar mais propriedades do que o paletizado. Então, teremos um produto mais nobre, pois, quanto mais cedo utilizá-lo, melhor será para manter as características existentes. Além disso, o fato de estar tão próximo torna o custo da fabricação da cerveja mais barato. A intenção, com o tempo é substituir o lúpulo importado pelo nacional. Como o mercado ainda é incipiente, o preço é muito variável, mas fica em torno de, em média, R$ 300, contra R$ 800 do lúpulo importado", comenta Aloísio.

Parte dos estudos relacionados ao lúpulo nacional está sendo realizada no laboratório de Processos Biotecnológicos e de Bebidas Alcoólicas da Universidade Federal de Viçosa e está em fase de identificação das primeiras linhagens do ingrediente que dá o amargor típico da cerveja. O trabalho, que começou há um ano, é tão inovador que foi preciso inclusive importar reagentes usados nos testes laboratoriais. "Estamos recebendo amostras da região de Nova Friburgo e da Serra da Mantiqueira, estamos testando diversas variedades comerciais", diz o professor adjunto Alexandre Fontes Pereira, do Departamento de Química, que é o responsável pelos estudos..