Muitas pessoas acreditam que consumir alimentos doces levam ao desenvolvimento do "desejo permanente" por esse sabor. Em outras palavras, aqueles que gostam de produtos açucarados tenderiam a optar sempre por esse tipo de carboidrato. No entanto, a evidência clínica mais recente indica o contrário.
Um estudo publicado este ano no periódico científico The American Journal of Clinical Nutrition conclui que, ao contrário do que muitos médicos e nutricionistas pensam, produtos açucarados ou adoçantes não calóricos não produzem um aumento no desejo por doces e podem até diminuir a vontade por esse sabor.
Encabeçada pela psicóloga Katherine Appleton, professora da Universidade de Bournemouth, da Grã-Bretanha, a equipe de pesquisadores analisou os hábitos alimentares de mais de 3,4 mil indivíduos a partir dos 6 meses de idade, bem como a preferência por sabores adocicados. "Nosso objetivo foi identificar a possível relação entre a exposição a bebidas e alimentos doces e uma crescente preferência, aceitação ou escolha do mesmo tipo de alimento", comenta Appleton no artigo de divulgação da pesquisa.
Os especialistas constataram que o consumo habitual de bebidas e alimentos ricos em açúcar não gerou um maior apetite por esse tipo de produto. Pelo contrário, em certos casos causou uma diminuição na preferência e escolha por doces. Esse resultado é consistente com um estudo publicado pela Public Health England em 2015, que também enfatizou que não houve relação entre os dois fatores.
Como os cientistas britânicos apontam, "não há evidências suficientes para recomendar uma redução no consumo de produtos doces como parte dos programas de saúde ou nutricionais porque eles produzem um desejo maior por doces".
Além disso, o estudo publicado no The American Journal of Clinical Nutrition mostra que os produtos adoçados com substitutos do açúcar são ideais não apenas para reduzir o consumo desse carboidrato, mas também para reduzir o desejo de consumir produtos doces.