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Óleo de castanha-de-caju é rico em nutrientes

Produto está sendo criado pela Embrapa e poderá substituir o azeite

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O óleo de castanha-de-caju é rico em ácidos graxos insaturados, que fornecem inúmeros benefícios para o organismo - Foto: Janice Ribeiro Lima/Embrapa/Divulgação

Pesquisadores da Embrapa Agroindústria Tropical, do Ceará, criaram um óleo rico em ácidos graxos insaturados proveniente da amêndoa da castanha-de-caju. A recomendação é que seja usado em saladas e na finalização de pratos, como uma alternativa ao azeite de oliva. De acordo com a Embrapa, em texto publicado em seu site oficial, para que o produto chegue ao mercado ainda são necessários estudos de ampliação de escala para produção industrial. Para isto, foi firmado um contrato com uma empresa que deve finalizar os trabalhos no próximo ano.

Além de fazer bem à saúde, o novo óleo resolve um problema da indústria de processamento de caju: a agregação de valor às amêndoas quebradas. No sistema mecanizado, a quebra chega a 40%, o que derruba o preço das amêndoas pela metade. O novo produto seria um destino nobre às partes quebradas e incrementaria a renda dos produtores.

Para a pesquisadora Janice Lima, da Embrapa, que atua no desenvolvimento do produto, o óleo apresenta qualidade sensorial diferenciada e é rico em nutrientes, podendo ser comercializado como um produto com alto valor agregado. "É um óleo gourmet, utilizado para finalização de pratos", afirma Raimundo Marcelino da Silva Neto, engenheiro de alimentos da Embrapa, citado no site da empresa.

O produto é extraído da castanha-de-caju por meio da prensagem a frio. "A prensagem de grãos oleaginosos é um método rápido, fácil e de baixo custo para a obtenção de óleos, oferecendo uma alternativa de agregação de valor para os sistemas de produção da agricultura familiar", comenta Janice.
O processo de extração apresentou bom rendimento e ficou dentro dos padrões exigidos na legislação brasileira para acidez e índice de peróxidos.

Em testes de análise sensorial, quando comparado ao óleo de macadâmia e ao de castanha-do-pará, o de castanha-de-caju saiu-se melhor nos quesitos aroma e aceitação global.

Tempo de prateleira

Também foi avaliada a estabilidade do óleo em embalagens de vidro e PET. Os testes foram realizados à temperatura ambiente por 230 dias. Os resultados indicaram que o produto pode ser armazenado nas embalagens testadas, dependendo de sua qualidade inicial, por cinco a sete meses sem grandes alterações na acidez e índice de peróxidos. Durante todo o armazenamento, a aceitação sensorial tanto para aroma como para sabor recebeu nota média de sete, correspondendo na escala hedônica ao termo "gostei", numa escala que vai até o nove.

Para que as indústrias possam produzir o óleo de amêndoa de castanha-de-caju, ainda são necessários estudos para ampliação de escala de produção. Nessa fase, é montada uma linha de produção industrial para avaliação e adaptação de equipamentos, matéria-prima, rendimento e determinação da vida de prateleira. "Os estudos realizados no laboratório são validados nessa fase, em escala-piloto", diz Raimundo Marcelino da Silva Neto.

Benefícios

O óleo de amêndoa de castanha-de-caju, assim como o azeite de oliva, é uma boa fonte de ácido oleico. Dos 46% de lipídeos totais da amêndoa de castanha-de-caju, 60% são de ácido oleico. "A ingestão de ácido oleico é uma estratégia nutricional importante para redução das doenças cardiovasculares. Ele faz parte por exemplo da dieta mediterrânea", esclarece a professora Helen Hermana Miranda Hermsdorff, da Universidade Federal de Viçosa (UFV), citada pelo site da Embrapa. Ela explica que a dieta mediterrânea consiste em um alto consumo de frutas, hortaliças, cereais, leguminosas, oleaginosas, peixes, azeite, ingestão moderada de vinho e baixo consumo de ácidos graxos saturados.

A professora acrescenta que a adição de ácidos graxos insaturados na dieta contribui, de forma geral, para prevenção e controle das doenças crônicas não transmissíveis. Essas substâncias estão associadas à menor inflamação subclínica, menores concentrações plasmáticas de colesterol LDL (lipoproteína de baixa densidade), de triglicérides, menor resistência à insulina e, consequentemente, menor incidência de doenças cardiovasculares.

Segundo Helen Hermsforff, é importante consumir de forma equilibrada diferentes tipos de gorduras na dieta. Conforme a professora, a literatura científica indica que adequar a proporção de ácidos graxos saturados, ácidos graxos monoinsaturados e ácidos graxos polinsaturados na dieta é uma estratégia mais eficaz para reduzir o risco cardiovascular e para a modulação da inflamação do que o uso de dietas pobres em gorduras.

(com Embrapa Agroindústria Tropical).