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Aditivos de alimentos processados podem causar ansiedade

Estudo americano descobre efeito nocivo de estabilizantes e emulsificantes


postado em 24/01/2019 14:46 / atualizado em 24/01/2019 15:33

(foto: Pexels)
(foto: Pexels)
Os aditivos usados em alimentos idustrializados %u200B%u200Bpara melhorar textura e prolongar a vida de prateleira podem afetar o comportamento psicológico e causar ansiedade, segundo estudo realizado pela Universidade Georgia State, nos Estados Unidos. Os cientistas também observaram diferenças nos padrões comportamentais das cobaias segundo o gênero, sugerindo que os componentes químicos afetam o cérebro de forma distinta em machos e fêmeas.

No artigo publicado na revista científica Scientific Reports no dia 17 de janeiro deste ano, os cientistas lembram que pesquisas anteriores conduzidas na mesma universidade mostraram que os aditivos podem causar inflamação intestinal de baixo grau, alterando a composição da microbiota, que é essencial para nossa saúde. Na época, os estudos associaram o consumo de emulsificantes e estabilizantes à obesidade, à síndrome metabólica e a doenças inflamatórias intestinais, como colite, cuja incidência aumentou significativamente no século XX.

A maior disponibilidade de alimentos processados ao longo do século passado também coincide com o aumento na incidência de distúrbios comportamentais, como o transtorno do espectro autista, levando os cientistas a acreditarem que a função cerebral também pode ser afetada pela exposição às substâncias químicas modernas.

"Nos questionamos se os efeitos dos emulsificantes na inflamação sistêmica geral também podem ser estendidos ao cérebro e ao comportamento. A resposta foi positiva", comenta o pesquisador Geert de Vries, professor de neurociência da Universidade Georgia State, um dos autores do novo estudo, em entrevista ao site da instituição de ensino.

Na pesquisa publicada na Scientific Reports, dois aditivos muito comuns (polissorbato 80 e carboximetilcelulose) foram adicionados à água potável oferecida a camundongos machos e fêmeas. Após um período de 12 semanas, o "tratamento" com emulsificantes e estabilizantes alterou a microbiota intestinal das cobaias de diferentes maneiras. Com isso, foram realizados testes para avaliar especificamente os efeitos dos produtos químicos no comportamento dos animais. Os resultados apontam que as substâncias induziram a ansiedade em ratos machos e reduziram o comportamento social nas fêmeas.

Embora De Vries diga que não é possível identificar o mecanismo exato que faz com que os aditivos afetem o comportamento, sabe-se "que a inflamação induz as células do sistema imunológico a produzirem moléculas que podem afetar outras partes do corpo, incluindo o cérebro". "O intestino também contém ramificações do nervo vago [que vai do cérebro ao abdômen], formando um caminho de informação direta para o cérebro", completa o cientista americano.

Segundo os pesquisadores, o estudo levanta questionamentos sobre como o uso de aditivos alimentares pode afetar o microbioma intestinal. Geert de Vries lembra que os resultados também confirmam a noção de que a saúde intestinal e a cerebral estão interligadas, e que existem mecanismos comuns aos dois sistemas que podem impulsionar problemas paralelos como obesidade, inflamações intestinais e distúrbios comportamentais.

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