Da mesma família do feijão e da lentilha e ingrediente base do antepasto árabe chamado homus, o grão-de-bico é muito apreciado em quase todo o mundo. De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), além de saboroso, ele também é um alimento bastante nutritivo, com as sementes constituídas por até 29% de proteína.
Por ser originário do Oriente Médio, o cultivo de grão-de-bico é mais comum em regiões com clima frio e seco. Tanto que, no Brasil, a maior parte das plantações está localizada no estado do Rio Grande do Sul.
Entretanto, graças a um estudo que vem sendo desenvolvido desde 2005 pelo Instituto de Ciências Agrárias (ICA) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a leguminosa está começando a ser produzida também em regiões mais quentes, como é o caso da cidade de Montes Claros, localizada no norte de Minas Gerais, a 425 km de Belo Horizonte. O município, inclusive, é famoso por possuir baixa umidade do ar e registrar temperaturas elevadas.
De acordo com matéria divulgada pela Rádio UFMG, a adaptação da cultura de grão-de-bico ao clima quente do interior de Minas tem superado as expectativas, uma vez que os testes realizados pelo ICA na região têm registrado uma média de produtividade de cinco toneladas por hectare, número bem maior que os 900 kg da média mundial.
O pesquisador Cândido Alves da Costa, professor do ICA em Montes Claros, em conversa com a Rádio UFMG, explica a metodologia do estudo: "Começamos analisando a melhor época de plantio e descobrimos que deve ser nos primeiros cinco meses do ano. A partir disso, estudamos todo o desenvolvimento da planta, desde a semeadura até a colheita".
O professor revela, ainda, que a intenção da pesquisa é que, futuramente, seja ensinado o processo de cultivo do grão-de-bico aos agricultores de Montes Claros, para que eles possam diversificar as lavouras – que, atualmente, são compostas principalmente por feijão.
A vantagem da nova cultura, ainda segundo Cândido Alves da Costa, é que o grão-de-bico possui um custo de produção 40% mais baixo que o do feijão e seu preço de mercado é o dobro. Ou seja, o plantio da leguminosa de origem árabe abre uma nova possibilidade de ganho de renda para os produtores locais.
Próximos passos
O professor da UFMG fala sobre as próximas etapas do estudo: "Como a cultura do grão-de-bico em regiões quentes ainda não é muito conhecida, a ideia é registrar e divulgar o que está sendo feito. Outra fase importante é estudar como combater as pragas e doenças que podem surgir nesse tipo de plantação. São poucas, comparadas ao feijão, mas precisam ser combatidas".
(com Rádio UFMG)