De acordo com uma pesquisa da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), em parceria com a Embrapa, e publicada na revista científica Journal of Functional Foods no final de 2018, a bactéria Lactobacillus rhamnosus, usada na produção de queijo de leite de cabra, como o feta, pode ajudar no controle de inflamações intestinais.
Como se sabe, as doenças inflamatórias intestinais são resultado de uma desregulação do sistema imunológico. Com isso, os probióticos (produtos contento micro-organismos benéficos) são capazes de modular a microbiota intestinal e regular as respostas inflamatórias.
Conforme os cientistas, muitos dos probióticos presentes em queijos, iogurtes e outros derivados de leite de cabra são benéficos à saúde humana. Além de ações anti-inflamatórias, eles promovem efeitos positivos sobre o funcionamento intestinal.
Segundo Antônio Egito, pesquisador da Embrapa Caprinos e Ovinos, citado por uma matéria do portal da entidade, existe demanda pela obtenção de micro-organismos com características distintas das que já estão disponíveis no mercado. "Essas pesquisas já são destaque no Brasil e no exterior, principalmente em países com tradição queijeira na Europa", conta o especialista, destacando também que o mercado nacional de culturas probióticas para uso em alimentos ainda é restrito a poucas empresas que comercializam produtos importados e de custo alto.
O pesquisador da Embrapa revela que há interesse em se investir em estudos com derivados e fermentos láticos desenvolvidos no país. Por isso, conforme a entidade, o objetivo dos projetos de pesquisa em andamento é ampliar o conhecimento sobre bactérias da biodiversidade brasileira e, com elas, gerar insumos agroindustriais para os laticínios nacionais.
"É promissora a possibilidade de encontrar novas bactérias láticas que reúnam habilidades tecnológicas, como a produção de aromas e acidificação do leite, e propriedades benéficas à saúde, como a capacidade de produzir vitaminas e a ação anti-inflamatória, entre outras", informa Karina dos Santos, pesquisadora da Embrapa Agroindústria de Alimentos (RJ), também citada pela matéria.
Com o desenvolvimento de insumos brasileiros para os derivados do leite de cabra, a expectativa é de redução dos custos de produção ao diminuir a dependência de fermentos importados. "Hoje o acesso a fermentos láticos funcionais para os pequenos laticínios é bastante restrito, devido principalmente ao custo elevado para aquisição desses insumos. A principal vantagem é a disponibilização de tecnologias compatíveis com as condições de produção artesanal ou em pequena escala, que representa a maior parte das agroindústrias processadoras de leite caprino no Brasil", completa a pesquisadora.
(com assessoria da Embrapa Caprinos e Ovinos)