Segundo o relatório lançado pelo Instituto de Recursos Mundiais (WRI, na sigla em inglês) na Conferência do Clima da ONU (COP-24) em Katowice, na Polônia, no final do ano passado, com um consumo de 140 calorias de carne por pessoa diariamente, o Brasil é o maior consumidor desse tipo de alimento do mundo e precisará reduzir a ingestão da proteína drasticamente para evitar uma crise alimentar e uma catástrofe climática.
O relatório aponta que cerca de dois bilhões de pessoas no mundo consomem grandes quantidades de carne, especialmente em países como Brasil, Rússia e Estados Unidos, e que precisam cortar a ingestão de proteína em 40% em relação ao ano de 2010.
O WRI analisou especificamente o consumo de carne de ruminantes, que além da bovina, inclui a de ovinos e caprinos. O estudo indica que o consumo ideal seria de 1,5 vez por semana, em média, e destaca que metade da população mundial ingere mais proteína do que o necessário.
A redução recomendada é menor do que a indicada em estudos anteriores, porém, é considerada realista pelos autores do novo relatório, que preveem que o mundo precisará de 50% mais alimentos em 2050 para nutrir uma população mundial estipulada em 10 bilhões de habitantes – três bilhões a mais do que hoje. Ao mesmo tempo, para conter as mudanças climáticas, as emissões de gases do efeito estufa na agricultura e na pecuária precisarão diminuir em dois terços.
Diante desse cenário, o WRI aponta que o aumento na produção de alimentos não pode causar uma expansão das áreas agrícolas e nem a destruição de florestas. Atualmente, metade de todas as áreas não construídas no mundo já é usada pelo setor agrícola, que emite um terço de todos os gases que provocam o efeito estufa.
Para evitar uma crise alimentar e o aquecimento global, o relatório afirma que será necessário aumentar a produtividade por hectare, cortar o consumo de carne e acabar com o desperdício de alimentos, que atinge um terço de toda a produção. "Precisamos mudar a forma como produzimos e consumimos alimentos, não somente por questões ambientais, mas porque isso é uma questão existencial para o ser humano", comenta Janet Ranganathan, vice-presidente do WRI, em entrevista à emissora estatal alemã Deutsche Welle.
O estudo também destaca a importância de aumentar a produtividade agrícola e, ao mesmo tempo, proteger florestas e ecossistemas e cita o Brasil como exemplo em política de concessão de crédito para a agricultura relacionada à proteção do meio-ambiente. Além do aumento da produtividade, o relatório recomenda o reflorestamento de regiões de baixo potencial agrícola, como vem sendo feito na Mata Atlântica brasileira.
(com Deutsche Welle).