Depois da pesquisa recente que voltou a considerar arriscado para a saúde o consumo diário de ovo, agora é o queijo, produto típico de Minas Gerais, que vai para a "berlinda" dos alimentos potencialmente danosos. Quem alerta para os riscos da ingestão desse laticínio é o escritor e médico americano Neal Barnard, professor da Universidade George Washington, nos Estados Unidos – ele ficou conhecido ao publicar o polêmico livro The Cheese Trap (A Armadilha do Queijo, em tradução livre), considerado best-seller pelo jornal The New York Times.
O autor lembra que existem diferentes tipos de gorduras. A extraída do bacon, por exemplo, é considerada uma gordura saturada, diretamente ligada ao colesterol ruim (LDL ou lipoproteína de baixa densidade), responsável por danificar as artérias. "A gordura funciona de maneira ruim, mas é de forma indireta. Ela estimula o organismo a produzir mais colesterol, que depois começa a entupir as artérias. Devo dizer que a carne não é a fonte número um. A fonte número um são os laticínios. Queijo, manteiga, iogurte e sorvete estão no topo da lista", comenta Barnard em artigo publicado no site americano Learn True Health.
Segundo o médico, o leite também é rico em gordura, em especial a saturada. Além disso, o queijo possui grande quantidade de sódio, resultado do processo de fabricação. "Há mais sódio no queijo do que nas batatas fritas. Isso faz com que o queijo seja muito rico em colesterol", alerta o especialista.
No livro The Cheese Trap, o escritor cita uma pesquisa curiosa realizada pela Universidade de Rochester, em Nova Iorque (EUA), que revelou que quanto mais queijo um homem come, menor é a contagem de espermatozoides. Outro estudo presenta na controversa obra mostra que as pessoas que consumiam gorduras saturadas tinham três vezes mais risco de desenvolver o Mal de Alzheimer em comparação com aquelas que evitavam a ingestão de queijo.
Por outro lado, Neal Barnard lembra que as dietas veganas, que estão "na moda", são um exemplo da ausência do consumo de gordura ruim. "Por causa disso, os veganos diabéticos apresentam melhora na saúde. Eles perdem peso, nivelam a pressão arterial bem como reduzem os níveis de colesterol ruim", afirma o professor da Universidade George Washington no artigo.
Consumo "compulsivo"
De acordo com o médico, o queijo contém caseína (proteína), gordura e sal, que são naturalmente atraentes para os humanos. Além disso, o laticínio possui casomorfinas, que são as proteínas do leite. "As moléculas de opioides incluem a proteína láctea. E quando essa proteína é consumida, os fragmentos se ligam aos mesmos receptores cerebrais associados aos narcóticos e à heroína. O leite tem caseína também. Mas quando você transforma o leite em queijo, você se livra do soro e está concentrando a proteína e a gordura. À medida que a proteína se concentra, o conteúdo de casomorfina sobe", alerta o especialista americano.
Ele acrescenta: "O queijo é o crack dos laticínios. Não é surpreendente ficar viciado nessas coisas. Tudo bem se não for um consumo prejudicial. Mas é carregado em colesterol e gordura, além de hormônios".
Mudança
Para Neal Barnard, cabe a nós fazer a mudança no estilo de vida. Ficar longe de produtos de origem animal deve estar no "topo da lista". Ainda conforme o autor, as dietas low carb, de baixa ingestão de carboidratos, que vivem aparecendo nas redes sociais, são apenas uma moda passageira. "As pessoas perdem peso porque reduzem os carboidratos, o amido e os açúcares. É saudável para você comer amido porque quebra a glicose existente nas células. Cerca de 50% do que comemos são carboidratos. Quando paramos de comer carboidratos, perdemos peso. Essencialmente, se você eliminar metade do que você come, vai perder peso", comenta Neal Barnard no artigo do Learn True Health.
Ele lembra que esse tipo de ingrediente não é o principal problema para nossa saúde. "Se você olhar para o Japão antes da ocidentalização da dieta, eles comiam praticamente pratos à base de arroz. Mas quase não havia casos de diabetes no país", diz o escritor.
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