Para quem deseja passear por esses caminhos doces, a Tripness, agência que tem como principal mote vender viagens marcadas por experiências, oferece o serviço todos os sábados e custa 189 reais - com translado, almoço e lanche incluídos. As saídas acontecem em frente a Tripness - Avenida Brasil, 741, Santa Efigênia. (31) 3646 1249.
Rota das Doceiras a 41 quilômetros de BH: frutas da região viram compostas para serem levadas para casa - Foto: Carol Daher
A viagem começa no Parque Estadual do Sumidouro, sempre na companhia de um guia. A primeira parada é na Capela de Sant’ana, localizada na Fazenda do Fidalgo. O imóvel, de 1727, está fechado para reforma. Durante o mês de julho, é ao redor da igrejinha branca de janelas azuis que acontece a tradicional festa da santa, com apresentação do congado. Há ainda uma parada estratégica na Capela Nossa Senhora do Rosário, erguida em 1724, com o altar assinado por Aleijadinho. Ali do lado, já no município de Pedro Leopoldo, os visitantes podem conhecer a Casa de Fernão Dias e ainda saber um pouco mais sobre a chegada do bandeirante e suas tropas na região.
Da história para mesa é um pulo. O almoço é feito em um sítio, onde marrecos andam soltos pelo jardim. O Quintal da Lapinha é um restaurante que só funciona aos finais de semana. A chef Soraia Souza aprendeu a arte do tempero com a sogra, dona Maria Rosa, que faz parte do grupo da Rota das Doceiras. Os pratos são preparados no fogão a lenha. Um verdadeiro banquete de comida de verdade, com direito a tropeiro, frango ensopado, carne de panela, angu, tutu e outras maravilhas da gastronomia mineira. Para completar o cardápio de alegrias, as sobremesas são tantas que fica difícil de escolher – mas o arroz doce ainda quentinho, preparado no tacho por dona Maria é imperdível.
Dona Lôra faz doces há mais de meio século - Foto: Carol Daher
De lá, a viagem segue até o Cafofo com Arte, uma casinha com mais de 100 anos, onde as amigas Maria José e Cássia vendem artesanatos e quitutes. Cada cômodo do imóvel é tomado por bordados, pinturas e crochê. No quintal, uma mesa grande comporta as mais variadas delícias mineiras: de pão de queijo a cubu – uma broa mais sequinha assada na folha de bananeira. Para acompanhar, café coado e um refrescante chá preparados com ervas colhidas na horta, batizado com propriedade como Chá do Príncipe.
E seguimos para casa de Laurinda Augusta, mais conhecida como dona Lôra. A senhora, de 80 anos, faz doce há pelo menos meio século. Em suas mãos, frutas da região como figo, goiaba, limão e laranja ganham calda e viram compotas fresquinhas.
Capela Nossa Senhora do Rosário, de 1724: altar assinado por Aleijadinho - Foto: Caroline Daher
O que chama atenção é o doce de leite com pau de mamão, uma das mais tradicionais receitas de Minas e que vem se perdendo com o tempo. “Dá muito trabalho. Tem que tirar o palmito de dentro do caule do mamão, depois ralar, lavar, tirar o leite, espremer, peneirar até secar e virar uma farinha”, explica Lôra, que acrescenta cravo e canela na mistura.
O que chama atenção é o doce de leite com pau de mamão, uma das mais tradicionais receitas de Minas e que vem se perdendo com o tempo. “Dá muito trabalho. Tem que tirar o palmito de dentro do caule do mamão, depois ralar, lavar, tirar o leite, espremer, peneirar até secar e virar uma farinha”, explica Lôra, que acrescenta cravo e canela na mistura.
A tarde cai e é hora de voltar para casa. Antes uma paradinha estratégica na lojinha da Dona Roxa, antiga doceira que ensinou as sete filhas a amarem a cozinha. Uma delas é Adélia, que prepara uma ambrosia daquelas. E se valer o conselho, não saia de lá sem levar para casa um potinho de geleia de abacaxi com pimenta.
Apesar de tão pertinho, a Rota das Doceiras é capaz de transportar o viajante para o interior. Não só o interior de Minas, mas também o interior dessa gente que vive entre as montanhas e sabe receber como ninguém.
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