O chef Leo Paixão é um dos embaixadores da candidatura belo-horizontina: "Além do título e do reconhecimento, faríamos parte de um hall seleto de cidades que colaboram entre si, trocando informações e estratégias" - Foto: Samuel Gê/EncontroBelo Horizonte está a um passo de ser reconhecida
internacionalmente por algo que ninguém sabe fazer como nós: comida. Além de ser o lugar preferido da casa para receber as visitas, a
cozinha mineira também poderá ser a nossa porta de entrada para a
Rede de Cidades Criativas da Unesco, na área de
gastronomia.
Segundo o chef Leo Paixão, um dos embaixadores da candidatura belo-horizontina, "além do título e do reconhecimento, faríamos parte de um hall seleto de cidades que colaboram entre si, trocando informações e estratégias". E põe seleto nisso! Apenas 21 cidades no mundo inteiro foram reconhecidas por sua culinária pela Unesco, como Parma, na Itália, e San Antonio, nos Estados Unidos. No Brasil, são três, até agora: Belém, Florianópolis e Paraty.
A Rede de Cidades Criativas da Unesco foi criada em 2004, para promover a cooperação entre lugares que investem em cultura e criatividade. Hoje, as 180 cidades dos 72 países que integram o projeto trabalham juntas para possibilitar um desenvolvimento urbano seguro, inclusivo e sustentável. Mas, para Gilberto Castro, presidente da Belotur, BH pode ganhar ainda mais com o reconhecimento internacional. "Uma pesquisa da Organização Mundial de Turismo indicou que quase 90% dos viajantes consideram a gastronomia um eixo estratégico na hora de escolher um destino", afirma.
Para o presidente da Belotur, Gilberto Castro, o turismo da capital sairá valorizado: "Uma pesquisa da Organização Mundial de Turismo indicou que quase 90% dos viajantes consideram a gastronomia como um eixo estratégico na hora de escolher um destino" - Foto: Violeta Andrada/EncontroE não pense que é uma tarefa fácil conquistar esse título. A Belotur montou um comitê composto por chefs, empresários, produtores e membros do poder público para elaborar um dossiê.
Com mais de 100 páginas, o material – defendendo a
candidatura – foi produzido por 90 pessoas e enviado à Unesco no dia 28 de junho. "
BH é a síntese da
gastronomia mineira", diz
Gilberto Castro. "Aqui, você encontra a soma de todos os
sabores e
temperos do estado." Outro ponto a favor está na nossa reputação de capital dos
botecos. São 9.500 de
estabelecimentos, que habitam as
ruas da
cidade e também fazem bonito na
cozinha, com
petiscos e
tira-gostos caprichados. Muitos, só encontrados por aqui.
Embora o Ministério das Relações Exteriores tenha endossado a candidatura de Belo Horizonte para gastronomia – além de Cataguases na área de cinema; Fortaleza em design e moda; e Aracaju, em música –, a campanha está apenas começando. Agora, mais do que nunca, a cidade precisa de todos para ser incluída na lista. É hora de cada um fazer sua parte. Afinal, a cozinha é território sagrado para qualquer mineiro.
É possível contribuir compartilhando fotos de pratos servidos nos estabelecimentos da capital com as hashtags #bhsurpreendente, #bhcidadedagastronomia, #bhcidadecriativadagastronomia, #unesco e #bhcidadecriativa. Além de marcar na própria foto os perfis @belohorizonte.mg e @unescobrasil.
Das quatro candidaturas apoiadas pelo Itamaraty, apenas duas serão aceitas pela Unesco. "Não sei se já temos 50% garantido, mas a nossa candidatura está bem embasada", diz um esperançoso Leo Paixão.
E dá-lhe Minas Gerais!
Humberto Mauro durante uma filmagem de Brasa Dormida: suas produções contavam com ajuda de comerciantes de Cataguases - Foto: Não é só Belo Horizonte que está na disputa para representar Minas na lista de Rede de Cidades Criativas da Unesco. Conhecida como polo audiovisual da Zona da Mata, Cataguases teve a sua candidatura para a área de cinema endossada pelo Itamaraty. A cidade foi o palco das primeiras obras do mineiro Humberto Mauro (1897-1983), pioneiro do cinema brasileiro, como Brasa Dormida (1928) e Sangue Mineiro (1929). Ele começou a produzir na década de 1920, com a ajuda dos comerciantes da cidade.
Embora tenha permanecido adormecida após a ida de Humberto para o Rio de Janeiro, a produção cinematográfica voltou a fervilhar no município no início dos anos 2000. A indústria já gerou mais de 1.500 empregos e trouxe cerca de 60 milhões de reais para a região na última década.
.