Com sua alegria característica, Marcinho, do Novo Barba, conta que o prato deste ano é um Mexidinho Metido a Besta, à moda mineira, com crispy de couve, carne de lata desfiada e um ovo frito em cima: "Bem mineirinho", brinca ele - Foto: Pádua de Carvalho/EncontroTorresmo de barriga servido com mandioca na manteiga de garrafa. Ou, quem sabe, uma porção de linguiça acebolada. Para acompanhar, aquela cervejinha bem gelada. Seja qual for a pedida, mineiro que é mineiro não abre mão do melhor que os botecos têm a oferecer: hospitalidade, comida boa e aquele famoso dedo de prosa. E é justamente com o objetivo de reavivar sabores autênticos e valorizar a culinária mineira que a 7ª edição do Festival Gastronômico Botecar chega com tudo e conta com a participação de 37 bares da capital. O tema da vez é a "Mineiridade" e estabelecimentos localizados em todas as regionais do município estão incumbidos de elaborar um tira-gosto de fazer lamber os beiços, com um precinho bem camarada: entre 30 e 40 reais.

O Buteco do Maranhão concorre com o prato Mineirinho Arretado, que traz a carne de sol serenada, assada na chapa, mesclada com costelinha de porco frita, queijo coalho assado e pimenta biquinho: "O Botecar é um festival muito importante, pois, além de trazer visibilidade e novos clientes, reforça a gastronomia local", diz Valdez Maranhão - Foto: Pádua de Carvalho/EncontroA proposta é explorar a história do estado, da cozinha dos tropeiros às festas religiosas, passando pela cozinha das fazendas, até chegar à cozinha contemporânea. "Minas são muitas e precisamos valorizar o nosso legado", diz Antônio Lúcio Martins, um dos organizadores do evento. Além dos pratos elaborados com insumos da região, o tema também será representado na decoração temática dos botecos. Em cada prato, um sabor diferente e várias memórias a serem compartilhadas. O melhor boteco será escolhido pelo público, responsável por 50% do total dos votos, com base em critérios como sabor do tira-gosto, temperatura da bebida, ambiente e atendimento. A nota restante ficará a cargo de um júri especializado.

O proprietário do Armazém Medeiros, Marcílio Cruz, aposta em grande procura no primeiro Botecar após a pandemia: "O evento melhora o fluxo de clientes, de consumo e de contratação de mão de obra. Nosso setor precisa muito desse apoio" - Foto: Pádua de Carvalho/Encontro"O Botecar é um festival muito importante, pois, além de trazer visibilidade e novos clientes, reforça a gastronomia local", diz Valdez Maranhão, dono do Buteco do Maranhão, localizado no bairro de Lourdes. Participante do evento desde a primeira edição, este ano a casa concorre com o prato Mineirinho Arretado, que traz a carne de sol serenada, assada na chapa, mesclada com costelinha de porco frita, queijo coalho assado e um toque especial de batata sauté e pimenta biquinho. No clima de alegria da primeira edição do botecar após a pandemia, o Armazém Medeiros, no Lourdes, concorrerá com o tira-gosto Tamu de Volta. A chamada bem-humorada do prato composto por peito bovino confitado, desfiado e finalizado com tempero e ervas, acompanhado de molho de goiabada picante, diz: "No Texas, Brisket. No sul, granito. Pra nós, Uai! É maça de peito mesmo".  Para o proprietário, Marcílio Cruz, a expectativa para o Botecar é a melhor. "Melhora o fluxo de clientes, de consumo e de contratação de mão de obra para trabalho. Nosso setor precisa muito desse apoio."

O Restaurante 555 aposta no Charuto Mineiro, receita que traz a carne de sol enrolada em queijo coalho e o toque picante da pimenta biquinho: "Queremos reforçar essa rede gastronômica formada pelo festival", diz o sócio-proprietário Henrique Castro (à esq. na foto, com Noélia Jesus e Marinaldo Caetano) - Foto: Pádua de Carvalho/EncontroRepaginado, o antigo Santô, no bairro Santo Antônio, virou Restaurante 555, e aposta no sabor do norte de Minas com a proposta do Charuto Mineiro. A receita traz a carne de sol enrolada em queijo coalho e o toque picante e agridoce da pimenta biquinho. Para acompanhar, uma farofa de milho, preparada com bacon e manteiga na garrafa. "Estamos comprometidos em oferecer nosso melhor e reforçar essa rede gastronômica formada pelo festival", diz Henrique Castro, sócio-proprietário. No Novo Barba, antigo Barba Azul, no Funcionários, José Márcio Ferreira, mais conhecido como Marcinho, conta como os planos do seu negócio mudaram. "Em 2018 passei o bar para o meu filho e mudamos o nome da casa. Mas, com a pandemia, mudou tudo e continuo até hoje." No Botecar desde a primeira edição, ele diz que o retorno do evento é uma vitória para a categoria. "Nada como recomeçar a estimular esse mercado. Muitos colegas fecharam as portas ou ainda estão se recuperando após a pandemia." Com sua alegria característica, conta que o prato deste ano é um Mexidinho metido a besta, à moda mineira, com crispy de couve, carne de lata desfiada e um ovo frito em cima. "Bem mineirinho", brinca ele.

O Festival Botecar integra as atividades da 1° Edição da Bienal de Gastronomia de Belo Horizonte, que tem a maior parte dos eventos em outubro. A capital mineira recebeu, em 2019, o título de Cidade Criativa da Unesco pela Gastronomia, passando a integrar o grupo de cooperação internacional entre cidades que têm atividades criativas como propulsoras do desenvolvimento sustentável. De acordo com a Belotur, o título reforça o DNA gastronômico da capital mineira. A programação reúne chefs renomados, entre eles a colombiana Leonor Espinosa, eleita em 2022 a melhor chef de cozinha do mundo pela revista britânica Restaurant; e a sócia da Casa do Porco, em São Paulo, Janaina Rueda, eleita a melhor chef mulher da América Latina em 2023 pelo prêmio Latin America’s 50 Best Restaurants.