Há tempos que a Delegação de Associações Israelitas Argentinas (Daia) tenta encontrar documentos que comprovem os vínculos e a colaboração entre o governo argentino e a cúpula do Terceiro Reich (governo nazista de Adolf Hitler na Alemanha) nas décadas de 1930 e 1940.
O presidente argentino Mauricio Macri já havia entregado cerca de 70 mil páginas de documentos digitalizados desse período ao primeiro ministro israelense Benjamin Netanyahu.
Segundo Alberto Indij, presidente da Daia, "a delegação foi criada em 1935 perante o crescimento da influência nazista, quando Hitler já falava do renascimento de uma nova Alemanha onde só haveria lugar para a raça ariana", informa o argentino em conversa com a agência russa de notícias Sputnik Mundo.
Em 10 de abril de 1938, o então presidente argentino Roberto Ortiz autorizou a realização do maior movimento pró-nazismo fora do território alemão, que contou com 15 mil pessoas, ato que foi considerado primeiro passo para uma relação de cumplicidade entre os dois países.
Indj ressalta que "entre os arquivos [entregues a Netnyahu], que abrangem o período de 1936 a 1947, foram encontradas diversas evidências de que os distintos governos argentinos colaboraram com o regime nazista, adotando medidas antissemitas e de proteção aos soldados e líderes do Terceiro Reich".
Um dos arquivos confidenciais da época trouxe um documento confidencial referente a um acordo firmado entre os dois governos em 1938. Nele, a Argentina negaria visto a pessoas indesejadas, ou seja, naquela época, dizia respeito aos refugiados europeus, que em grande parte eram compostos por judeus.
Em relação a esse assunto, Marisa Braylan, diretora do Centro de Estudos Sociais da Daia, afirma à Sputnik que "não será fácil chegar a uma resposta, devido à grande quantidade de material, mas, de todo modo, antes do final do ano, terão a informação do tipo de fonte e o cálculo estimado do que falta consultar", ressaltando que "a recuperação de fontes históricas reafirma a realidade da época".
Na tentativa de descobrir a ligação entre o governo argentino e o Terceiro Reich e após a conclusão da análise dos documentos, a Daia pretende demonstrar, de fato, os vínculos e a colaboração entrem ambos os estados.
(com Agência Sputnik)