Uma pesquisa feita na Universidade de Nápoles Federico II, da Itália, e publicada no periódico científico Science of the Total Environment, o excesso de cocaína (benzoilmetilecgonina) presente nos rios da Europa está fazendo com que as enguias prateadas (Anguilla anguilla) fiquem hiperativas.
Atualmente, é "normal" encontrar drogas como ecstasy, cocaína e outras anfetaminas nas águas europeias, e que são provenientes dos sistemas de tratamento de esgoto.
No estudo, os pesquisadores separaram as enguias em dois grupos: um ficou durante 50 dias em água com a mesma quantidade de cocaína encontrada nos rios europeus; enquanto o grupo de controle foi submerso em água limpa, sem qualquer droga.
As enguias que foram expostas à benzoilmetilecgonina tiveram a substância acumulada em várias partes do corpo, incluindo cérebro, músculo, guelra e pele. Foram encontradas lesões graves no sistema músculoesquelético dos animais, que não sararam após os bichos serem retirados da água contaminada.
"O estudo mostra que mesmo concentrações baixas de cocaína no ambiente provocam danos graves à morfologia e à fisiologia músculoesquelética da enguia prateada", diz a bióloga Anna Capaldo, lídero do estudo, no artigo publicado no Science of the Total Environment.
Além das lesões, a droga aumenta os níveis de dopamina, neurotransmissor indispensável para a atividade normal do cérebro, o que está impedindo as enguias de chegarem à maturidade sexua. Isto acaba comprometendo a reprodução dessa espécie típica da Europa.
Dados de 2015 do Centro Europeu para a Monitoramento de Drogas e Toxicodependência mostram que Londres, na Inglaterra, é a cidade com maior concentração de cocaína nos esgotos: são 737 mg da droga para cada grupo de mil pessoas liberados diariamente. Em seguida vem Amsterdã, na Holanda, com 716 mg por mil pessoas. Já a cidade belga de Antuérpia ocupa a terceira colocação, com 632 mg de cocaína para cada mil pessoas.