Em comunicado divulgado na última semana, o Facebook informa que o Instagram passará a ter mecanismos para restringir imagens que estimulem a autoflagelação e o suicídio. Imagens de pessoas se machucando, como atos de cortar partes de corpo, serão proibidas na rede social controlada pela emrpesa de Mark Zuckerberg.
A plataforma já proibia conteúdos que promovessem esse tipo prática. Mas permitia mensagens relacionadas à admissão delas (como uma pessoa relatando um desejo ou uma tentativa), como forma de alertar amigos e familiares para reagir e prestar apoio.
Segundo o Facebook, as mudanças foram formuladas a partir do diálogo com especialistas no tema, de diferentes países. Eles teriam indicado o efeito negativo da circulação de imagens de práticas de autoflagelação, como cortes. Elas "podem ter um potencial de promover não intencionalmente a autoflagelação, mesmo quando são compartilhadas no contexto da admissão da prática ou no caminho para uma recuperação", diz Antigone Davis, diretor global de Segurança do Facebook, no comunicado.
Ele acrescenta que a equipe das plataformas ainda avalia como tratar imagens de cicatrizes. Conforme o diretor, os especialistas consultados indicaram ainda polêmicas nos estudos acadêmicos sobre os efeitos desse tipo de imagem em pessoas suscetíveis a cometer algum ato relacionado à prática.
As duas redes sociais, completa Davis, continuarão fornecendo recursos para dar apoio em situações de sofrimento, como a disponibilização, de forma acessível, de "linhas de ajuda" a pessoas nas plataformas.
Transparência
Na avaliação da pesquisadora Marina Pita, do Instituto Alana, em conversa com a Agência Brasil, decisões como essa mostram a importância da transparência por parte das plataformas no que se refere às remoções de conteúdos e aos critérios usados nessas medidas. A cobrança por critérios mais claros das redes sociais vêm sendo uma demanda não somente no Brasil, como em outros países.
Além disso, acrescenta Pita, há a necessidade de discutir a lógica de funcionamento dos algoritmos de curadoria dos conteúdos mostrados aos usuários. Isso porque ao identificar uma vulnerabilidade ou condição psicológica de uma pessoa, especialmente adolescentes, o sistema passa a privilegiar conteúdos relacionados. "A plataforma, a partir da visualização de um conteúdo, identifica que aquele adolescente tem interesse naquele tipo de imagem e vai reforçar isso", alerta a pesquisadora.
Isso ocorre, de acordo com Marina Pita, em casos em que muitas vezes os usuários das redes sociais não têm consciência dessa forma de funcionamento. Por isso, é importante discutir de forma transparente não somente medidas como a anunciada, mas a própria dinâmica de segmentação dos usuários e de veiculação de publicidade a partir dela, que pode ter efeitos prejudiciais sobre os internautas.
(com Agência Brasil)